No dia em que a greve dos servidores da Receita Federal completa 30 dias, quase cinco mil trabalhadores estão parados no Brasil nesta quinta-feira (1). O número corresponde a 70% do total. No Paraná e em todo o país, os exportadores são os que mais sofrem com a greve. De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal (Unafisco), todas as principais portas de entrada e saída de mercadorias estão paradas ou trabalhando de forma precária. "Até o Porto de Santos está parado. Praticamente nada está saindo do país, e queremos que o pessoal do Aeroporto de Cumbica (em São Paulo) também pare", afirma o presidente do Unafisco da regional de Curitiba, Norberto Antunes Sampaio. O aeroporto de Guarulhos seria o único em que os servidores ainda trabalham normalmente desde o início da paralisação.
Desde 2 de maio, os funcionários pedem a criação de um plano de carreira e aumento salarial entre 27% e 47% aos R$ 7 mil reais mensais que já recebem. Esta foi a proposta apresentada na terça-feira (30)durante a reunião com o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, em Brasília. Nela, o representante do ministério comprometeu-se a chamar os grevistas para uma reunião em até 15 dias. "Esta demora só faz com que o movimento ganhe ainda mais força", conta Sampaio, que está na capital federal participando diretamente das negociações. Enquanto o governo federal estuda a proposta, o sindicato tenta fazer com que todos os 7.600 servidores da Receita Federal parem nos próximos dias no país.
Paraná
Toneladas de mercadorias continuam a espera de liberação nos armazéns do Porto de Paranaguá, no Aeroporto Internacional Afonso Pena e na Estação Aduaneira em Foz do Iguaçu. Os pátios ficam cada vez mais lotados e muito pouca coisa tem sido liberada em quase um mês de greve.
Segundo dados da Unafisco, na divisa do Brasil com o Paraguai, as filas de caminhões nos dois lados da BR-277 já são quilométricas. Do lado brasileiro, mais de 700 caminhões carregados aguardam a liberação, que está sendo feita por apenas três funcionários diariamente. Sorte só tem quem leva consigo cargas vivas, perecíveis ou de medicamentos, que acabam sendo liberados mais rapidamente. Os demais têm de aguardar.
Mais de R$ 1 milhão em mercadorias está parado no principal aeroporto do estado. O número só não é maior porque muitas empresas estão conseguindo liminares na justiça para que seus produtos sejam liberados.
Não existe qualquer previsão para que a greve acabe. As últimas assembléias dos auditores revelam que mais de 90% deles apóiam a continuidade do movimento até que o governo federal atenda às reivindicações.
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