Caminhoneiros fazem protesto na manhã desta quarta-feira na BR-116, na região de Campina Grande do Sul| Foto: Aniele Nascimento/Agência de Notícias Gazeta do Povo

Mesmo fraca, greve queima estoques

Os caminhoneiros que entraram em greve ontem ainda são minoria, mas têm força para provocar ameaça de desabastecimento de produtos perecíveis

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A greve dos caminhoneiros gerou tumulto na madrugada desta quinta-feira (26) na região Central do Paraná. O posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Guarapuava registrou depredação de cerca de 20 caminhões de motoristas que não aderiram à manifestação na BR-277 entre Irati e a região de Guarapuava. Nenhum motorista relatou as ocorrências à PRF e os agentes não puderam, por isso, fazer uma busca para chegar aos responsáveis.

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No caso mais grave, às 21 horas desta quarta-feira (25), um motorista de um veículo de carga foi atingido por uma pedra no quilômetro 347, da BR-277, a cerca de dois quilômetros do posto de combustíveis Guarapuavão. A PRF atendeu a ocorrência e ele foi encaminhado com ferimentos leves para um hospital de Guarapuava, sem gravidade.

Em decorrência dos registros, a Justiça Federal proibiu a interdição do tráfego de caminhões na BR-277. A proibição foi concedida pela juíza Cristiane Maria Bertolin Polli depois de a EcoCataratas – concessionária que administra a rodovia – solicitar o recurso. A decisão prevê multa de R$ 1 mil por hora de bloqueio a cada um dos manifestantes identificados em caso de desobediência à ordem judicial.

No final da tarde de quarta-feira (25), em Mandirituba, quatro caminhoneiros foram presos pela PRF local depois de denúncias de que teriam jogado pedras em caminhões que não aderiram à greve no Paraná. A prisão ocorreu depois de um piquete, com o objetivo de parar caminhões, feito na BR-116, quilômetro 152, entre Quitandinha e Mandirituba.

Na PR-151, município de Furnas, manifestantes atearam fogo em pneus, bloqueando a pista. Um caminhão-pipa da concessionária que administra a via foi acionado para apagar o incêndio.O Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC) no Paraná alega que não tem ligação com os incidentes. De acordo com o presidente estadual do Mubc, Neori Leobet, a metodologia da manifestação continua a mesma, com piquetes de parada e orientação aos caminhoneiros nas estradas e paralisação das viagens. "Nós queremos ajudar a família do irmão caminhoneiro, não queremos prejudicar ninguém", relata Leobet.

Conforme a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), nos piquetes os manifestantes abordam caminhões de carga, convocando os colegas a aderir a paralisação. Na maioria dos casos, o tráfego de outros veículos – carros, motos e ônibus – é liberado. Mesmo assim, foram registrados congestionamentos e pontos de lentidão no estado no segundo dia de manifestações.

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Policiamento preventivo

A PRF de Guarapuava informou que pela falta de registro das ocorrência por parte dos caminhoneiros que tiveram os veículo apedrejados, não é possível apurar o caso para chegar aos autores. No entanto, o posto da região central do Paraná informou que fará um policiamento preventivo, na tentativa de evitar novos casos. Os pontos mais críticos, segundo a PRF da região, estão nas proximidades de Guarapuava, no quilômetro 345 da BR-277, e na região do quilômetro 247, na BR 373, em Guamiranga.

Pontos de parada

Durante o dia, na rodovia PR-182, caminhoneiros paravam seus colegas no município de Realeza, onde a pista chegou a ser completamente interditada pela manhã e houve congestionamento. Depois do intervalo de almoço, não houve informações de que a paralisação da rodovia tenha sido retomado. A estrada foi liberada às 11h20.

No outro ponto da PR-182, no município de Toledo, os caminhoneiros também interromperam temporariamente o piquete que acontecia nas primeiras horas do dia, que foi restabelecido à tarde com trânsito liberado apenas para automóveis, transportes de passageiros e carga viva até o final da tarde, de acordo com a PRE.

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Em Iporã, houve manifestação no trevo PRC-272. Também foram registrados piquetes na PR-180, no trevo de Dois Vizinhos, e na PR-483, em Francisco Beltrão, pela manhã. Na BR 277, na saída de Guarapuava, informações divulgadas pela PRE apontam que a via chegou a ser interditada no sentido Curitiba das 14h30 as 16h30 para veículos de grande porte.

No final da tarde, na PRE-471, próximo ao quilômetro 223, uma fila de 30 caminhões se formou por causa de um piquete. O tráfego foi liberado das 16h30 às 17 horas, e depois a PRE não confirmou a retomada do bloqueio.

Na quarta-feira, primeiro dia de greve, houve 18 pontos de manifestação em estradas paranaenses e mais de 50 em todo o país, segundo o MUBC. A estimativa da organização que puxa as reivindicações é de que pelo menos dez estados aderiram à paralisação.

Reivindicações

A mobilização é uma reação a pontos da chamada Lei do Caminhoneiro – em vigor desde junho deste ano – que limitou a jornada de trabalho a 10 horas para os contratados e a 12 horas para os autônomos. Outra exigência são intervalos de 30 minutos a cada 4 horas trabalhadas e um repouso ininterrupto de 11 horas a cada 24 horas. Os caminhoneiros querem a suspensão da lei até que sejam construídos "pontos de paradas", onde os veículos possam permanecer em segurança.

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A categoria também contesta pontos da Resolução 3658, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que acaba com a carta-frete e a informalidade na discriminação de custos da contratação de autônomos por parte das transportadoras. Os trabalhadores pedem a suspensão temporária da norma, até que o sistema eletrônico de pagamento seja estruturado.

Os caminhoneiros também reivindicam pontos que garantiriam mais segurança nas estradas. Dentro as solicitações, estão a criação do Fórum Nacional do Transporte, a suspensão imediata da fabricação dos bitrens (composições rodoviárias com nove eixos), aprovação do estatuto dos motoristas, e criação em todo o país de delegacias especializadas em combater roubos de cargas.