A tentativa de negociação entre o governo empresários e caminhoneiros na tarde de quarta-feira não foi suficiente para acabar com os protestos e interdições em rodo vias estaduais. Os bloqueios em estradas federais e estaduais seguem nesta quinta-feira (25) em pelo menos seis estados. No Paraná, são 59 trechos interditados nesta quinta, sendo 40 em estradas estaduais e outros 19 em trechos federais, segundo boletins divulgados no meio da tarde.
Os protestos ocorrem apesar da determinação da Justiça que proibiu o bloqueio de estradas federais em cinco cidades do Paraná: Curitiba, Londrina, Guarapuava, Toledo e Foz do Iguaçu. Em Londrina, os bloqueios em trechos federais foram encerrados na noite de quarta-feira (25). A cidade vinha sofrendo com a falta de combustível e escassez de alimentos em supermercados.
Estaduais
Na quarta-feira (25), pelo menos 14 trechos de estradas estaduais da Região Sudoeste haviam sido liberados, amenizando o problema de desabastecimento de combustíveis e suprimentos em cidades da região com Pato Branco, Dois Vizinhos e Francisco Beltrão, bastante afetadas pela paralisação dos caminhoneiros. Na manhã desta quinta-feira, esses trechos voltaram a ser fechados pelos manifestantes.
Em duas rodovias da região, a PRC 280, no km 175, e a PR 281, no km 542, os bloqueios são para todos os veículos. Na maior parte dos outros trechos, os manifestantes permitem a passagem de carros, ônibus e ambulâncias.
Segundo a Associação Paranaense de Supermercados (Apras), as regiões que sofriam mais risco de desabastecimento eram as de Pato Branco, Francisco Beltrão, Maringá, Londrina, Cascavel, Toledo e Irati. O estoque previsto de produtos perecíveis disponíveis nessas regiões é o suficiente para mais cinco dias, informou a Apras.
Divisão
Em todo o país, há, nesta quinta-feira (26), 93 bloqueios ativos em rodovias federais nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará. Os representantes dos caminhoneiros saíram divididos da reunião de quarta-feira com o governo. Alguns deles devem pedir o desbloqueio das rodovias, mas essa posição não é unanimidade.
O governo prometeu sanção sem vetos da lei que reduz custos dos setor e carência de 12 meses para o pagamento de financiamentos de caminhões. Também será criada uma tabela referencial de frete por meio de negociação entre empresários e caminhoneiros, que pediram a mediação do governo para isso. Além disso, a Petrobras garantiu seis meses sem aumento do diesel.
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) disse que considera que houve avanços históricos em pontos das reivindicações e que está levando a proposta via rádio aos caminhoneiros para que eles decidam se desbloquearão as estradas ou não.
A orientação é que os caminhoneiros acabem com os bloqueios para avançar nas negociações com o governo antes da próxima rodada de negociação, que ocorrerá em 10 de março, para discutir os pontos que não foram atendidos. Apesar de ter avaliado positivamente a proposta do governo, a CNTA não garantiu que os bloqueios vão acabar, uma vez que o movimento foi iniciado de forma autônoma e espontânea pelos caminhoneiros.
Sem acordo
Já Ivar Luiz Schmidt, líder do movimento Comando Nacional do Transporte, disse que não aceitava os termos do acordo. Schmidt disse que seu movimento “não aceitou nenhum dos termos que o governo propôs”. “Nós continuamos o movimento”, disse ele, afirmando ter o comando de pelo menos 100 pontos de bloqueio em rodovias federais e estaduais. Ele disse que aguarda um novo contato com o governo para tentar retomar as conversas. Schmidt não participou na quarta-feira da reunião entre governo, empresários e representantes dos caminhoneiros.
O governo, por seu lado, disse que as propostas serão efetivadas somente com o fim dos bloqueios. “Só vai ser cumprido o que nós combinamos na hora que forem liberadas as estradas, disse o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues.