A greve por tempo indeterminado dos eletricitários, técnicos que trabalham para a Copel (Companhia Paranaense de Energia), atingiu todo o estado do Paraná nesta segunda-feira (23). Os funcionários reclamam que estão recebendo menos pela "dupla função", um benefício pago pela empresa há mais de 20 anos. Os técnicos eletricistas recebem um adicional por dirigir os veículos da empresa enquanto atendem às ocorrências.
A greve por tempo indeterminado teve início na semana passada, nas cidades de Maringá e da região Noroeste, em Foz do Iguaçu, no Oeste, e em Londrina, no Norte. Nesta segunda-feira o movimento se estendeu por Curitiba e por outras cidades do estado, segundo o presidente do Sindenel (Sindicato dos Eletricitários de Curitiba), Vilmar Alves.
"A greve começou por volta das 7 horas. Aproximadamente 100 funcionários de Curitiba estão mobilizados em frente à regional da Copel do (bairro) Santa Quitéria", afirmou o sindicalista. A assessoria da Copel, por outro lado, nega que a greve tenha começado em Curitiba e em outras cidades do estado.
Segundo a empresa, existem alguns eletricistas em greve em Umuarama (Noroeste), na região de Londrina e Apucarana (Norte) e em Foz do Iguaçu (Oeste). Nessas cidades o foco de mobilização é mais intenso, mas a paralisação não está atingindo o fornecimento de energia para a população.
Atendimento prejudicado
Como realizam serviços de manutenção e recuperação, a greve dos eletricitários está interferindo no atendimento a determinadas ocorrências da Copel, como por exemplo, pedidos de ligação de energia elétrica. Essas situações estão demorando mais para serem resolvidas.
A Copel informou que adotou medidas de emergência para que a população não sofra com a greve. Empresas prestadoras de serviço foram contratas e funcionários de outras localidades foram transferidos para as regiões Norte, Noroeste e Oeste.
Contrariando o que diz a empresa, o presidente do Sindenel, Vilmar Alves, afirma que a greve atingiu todo o estado nesta segunda-feira. "Aproximadamente 4 mil funcionários recebem pela dupla função na Copel. Os mais prejudicados são os eletricistas, o pessoal da manutenção que fica responsável pelos carros. Eles têm que dirigir e fazer o trabalho técnico. A responsabilidade desta função é muito grande. Se acontecer alguma coisa com o carro, o funcionário é que tem que pagar", afirmou Vilmar Alves.
De acordo com o presidente do Sindenel, os funcionários têm prazos para cumprir as ocorrências e às vezes acabam levando multas de trânsito para realizar o trabalho dentro do horário. "Entrar em invasões também é perigoso", explicou. De acordo com a Copel, o benefício da dupla função continua sendo pago e a greve é "descabida, despropositada e injustificável".
Monitoramento
Em abril a empresa adotou um dispositivo que monitora a utilização dos carros da frota da Copel. O sistema registra uma série de dados do veículo e o tempo efetivo de deslocamento que os eletricistas fazem como motoristas. Antes disso, os próprios eletricistas é que faziam a anotação de quanto tempo passavam como motoristas. Segundo a Copel, isso dava margens para distorções dos valores pagos na dupla função.
"A empresa não fez nenhum acordo com os funcionários, simplesmente diminuiu o valor pago da dupla função. Fomos pegos de surpresa. Não queremos prejudicar a população, vamos atender os serviços de emergência. Esperamos que a empresa se sensibilize e negocie com os funcionários. Se houver um acordo paramos a greve. Enquanto não houver solução vamos continuar parados", definiu o presidente do Sindenel.