Servidores em greve do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizaram manifestações em todo o país ontem, na véspera da divulgação do indicador mais importante do órgão, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Trabalhadores de 22 das 32 unidades já aprovaram adesão à paralisação iniciada na última segunda-feira, segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas (ASSIBGE-SN).
O sindicato estima que a adesão dos funcionários ao movimento nas filiais em greve chegue a 70%. Mas a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, garantiu que a paralisação de servidores é apenas parcial e não afeta os indicadores divulgados pelo instituto. O coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, garantiu que os números do PIB brasileiro, referentes ao primeiro trimestre de 2014, serão divulgados hoje, como determinado no calendário do órgão.
Wasmália participou ontem da cerimônia de celebração do aniversário de 78 anos do IBGE, no Teatro João Caetano, no Centro do Rio, onde distribuiu medalhas aos funcionários mais antigos. Em torno de 50 grevistas fizeram uma manifestação em frente ao local do evento.
Na pauta de reivindicações dos grevistas está a saída imediata da presidente e dos membros do conselho diretor do órgão. No entanto, Wasmália afirmou que nem ela nem os integrantes do conselho pensam em entregar seus cargos. A direção do IBGE diz concordar com outras reivindicações, como a realização de concursos públicos e equiparação salarial ao patamar de instituições públicas como o Banco Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Wasmália estima que o instituto precisaria de um quadro entre 7 mil e 7,8 mil servidores para fazer frente aos projetos do órgão. Hoje, o IBGE conta com 5,7 mil funcionários efetivos, sendo que 40% já têm tempo de trabalho suficiente para pedir a aposentadoria.
Histórico
O IBGE enfrenta uma crise institucional desde o início de abril, quando Wasmália anunciou a suspensão até 2015 das divulgações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), decisão que acabou sendo revista semanas depois, após muita polêmica e desgaste da direção com o corpo técnico. A Pnad Contínua, que apresenta a taxa de desemprego para todo o país, substituirá a Pesquisa Mensal de Emprego (PME).
O sindicato afirma que a divulgação da Pnad Contínua está garantida para a próxima terça-feira, conforme previsto no calendário oficial, mas conta que tem instruído os funcionários grevistas a não fazerem a divulgação dos demais indicadores.