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Fila nos aeroportos: as greves e a operação-padrão de algumas categorias criaram congestionamentos no céu, terra e mar | Marcelo Camargo /ABr
Fila nos aeroportos: as greves e a operação-padrão de algumas categorias criaram congestionamentos no céu, terra e mar| Foto: Marcelo Camargo /ABr

R$ 92,2 bi

Entre reajustes e outras correções, o impacto das reivindicações dos servidores federais em greve no orçamento, segundo cálculos do Ministério do Planejamento, seria de R$ 92,2 bilhões. O valor é equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Estratégia dos grevistas varia com a situação

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Apesar da economia fraca e do contingenciamento de recursos, tanto por parte do poder público quanto pela iniciativa privada, as negociações salariais de 2012 tomaram grandes proporções. Ao longo dos últimos meses, cerca de 60% das principais categorias do serviço público federal se envolveram de alguma forma na mobilização por salários e benefícios melhores. São 354 mil pessoas de um total de 573 mil hoje em atividade na administração direta, autarquias e fundações federais, segundo os sindicatos, que cruzaram os braços, realizaram operação-padrão ou, ao menos, protestaram. Entre reajustes e outras correções, o impacto das reivindicações dessa multidão, segundo cálculos do Ministério do Planejamento, seria de R$ 92,2 bilhões, no orçamento dos próximos três anos. O valor é equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e, de acordo com o governo federal, impraticável.

Ainda assim, na última sexta-feira, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o governo federal considera a possibilidade de desembolsar ao menos R$ 12 bilhões do montante pedido, a favor dos grevistas de mais de 30 órgãos ligados ao Executivo. A proposta até agora é oferecer o mesmo reajuste dos técnicos-federais – 15,8% – a 18 outros setores enquadrados no Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE) e nas carreiras da Previdência, Saúde e Trabalho (PST). Para os professores, a proposta prevê reajustes entre 20% e 40% até 2015, com impacto de – R$ 4,18 bilhões nos cofres públicos.

A resposta mais dura do governo federal – a publicação do Decreto nº 7.777, que permite a substituição dos funcionários parados por servidores das mesmas carreiras em estados e municípios, e o pedido de corte de ponto dos servidores em greve – alimentou ainda mais o movimento.

Reflexos

Toda essa movimentação pública, segundo analistas, incentiva as categorias da iniciativa privada com data-base de negociação neste segundo semestre a também endureceram as negociações. Entre elas estão os bancários – que lançaram campanha em junho –, os petroleiros, os metalúrgicos (tanto os de montadoras, quanto os das fábricas de autopeças e máquinas pesadas) e os trabalhadores do setor de Alimentação. Alguns órgãos estaduais, como a Copel, também seguiram na mesma linha. "Sem falar nos Correios, que já possuem uma tendência de ter uma negociação bastante tensa, com paralisação dos serviços", lembra o economista do escritório regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR) Sandro Silva. Para ele, a tendência em 2012 é que os ganhos reais acordados sejam ainda maiores que os de 2011. "As negociações fechadas até agora, com uma média de 2,5%, confirmam uma tendência de ganhos maiores em 2011, quando a média de 1,38% já foi recorde na série histórica do Dieese que acompanha cerca de 600 categorias desde 1996", avalia.

Segundo ele, alguns fatores estimulam esse comportamento. O principal é o mercado de trabalho ainda aquecido, ainda que gerando menos empregos que em períodos anteriores, e com uma taxa de desocupação baixa – principalmente em Curitiba e região, onde o desemprego ficou em 4,1% em junho, segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Quanto maior a oferta de emprego, maior a exigência do trabalhador nas negociações.

Setor privado inicia discussão sobre reajustes

O segundo semestre é marcado pelas negociações salariais de algumas das maiores e mais influentes categorias trabalhadoras do país, a começar pelos bancários. Iniciada em junho, a campanha da categoria entra agora na fase mais crítica. Entre amanhã e quarta-feira será negociado o item reajuste, apenas um da extensa pauta de reivindicações. "Nosso pedido é por 5% de ganho real além da inflação [total de 10,25%]. Esperamos que a negociação seja aberta e que haja espaço para propostas e contrapropostas. Se não for assim, não descartamos a possibilidade de greve", diz o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Otávio Dias.

Surpresa

Historicamente, a categoria não consegue ganhos acima da média nacional, mas os últimos resultados têm surpreendido. Em 2011, quando a média foi de 1,38% em meio às 700 categorias pesquisadas pelo Dieese, os bancários conseguiram 1,49%. Além do reajuste, os trabalhadores reivindicam piso salarial de R$ 2.416 (valor do salário mínimo calculado pelo Dieese), participação nos lucros equivalente a três salários mínimos mais R$ 4.961,25 fixos, limite da jornada de seis horas e mais contratações.

Do outro lado da balança estão os metalúrgicos. Com fases diferentes de negociação – os das montadoras se mobilizam em setembro, os das autopeças em outubro e os das máquinas pesadas, em outubro e novembro –, a categoria geralmente consegue ganhos acima da média e em alguns casos, de forma adiantada. Em maio deste ano, por exemplo, os 4 mil funcionários da Volvo em Curitiba protestaram contra a proposta de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) da empresa. O movimento serviu para fechar, de antemão, o reajuste salarial do ano, em 3%.

Na quinta-feira, os sindipetros da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) entregaram oficialmente a pauta reivindicatória 2012-2013 a Petrobras, dando início à mobilização deste ano. Além de reajuste, a categoria, representada no Paraná principalmente pelos funcionários da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária, pede também mais segurança aos trabalhadores do setor. No ano passado, o ganho real conseguido foi de 3,5%.

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