As greves de diversos setores e a crise financeira de 2011 não devem afetar as negociações no próximo ano. Para Cid Cordeiro, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR), ao contrário das crises dos anos 90, o Brasil enfrenta essa crise em um momento de crescimento econômico, o que traz menos prejuízos às negociações.
Se o país não sofre tanto com os reflexos da crise, um dos motivos é o mercado de trabalho aquecido. "Hoje há um mercado de trabalho muito aquecido no país e isso exerce uma pressão muito forte nas negociações", explica o economista. Mesmo assim, ele ressalta que a ação sindical, com a mobilização das categorias, manifestações e a paralisação são instrumentos muito eficientes e importantes para negociar melhorias tanto salariais quanto de condições de trabalho com os patrões. "Faz parte do processo de negociação", avalia Cordeiro.
Em 2011, servidores públicos, metalúrgicos e bancários foram algumas das classes que cruzaram os braços para exigir reajuste salarial e melhorias nas condições de trabalho. Os trabalhadores da fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, ficaram 37 dias parados entre junho e julho, na greve mais longa da história entre as montadoras do estado e a maior da montadora em todo o mundo.
A greve da Volkswagen começou no dia em que a greve na Volvo terminou. O acordo com os funcionários da empresa encerrou a paralisação de apenas dois dias. Na negociação ficou definido que os metalúrgicos receberiam uma PLR de R$ 15 mil no caso de cumprimento de 100% das metas, a maior PLR do país até então, segundo o Dieese.
Para Cordeiro, o bom momento do setor automobilístico também possibilitou que as empresas fechassem acordos antecipados para os próximos anos. Na Volkswagen, por exemplo, o pacote já prevê os aumentos para 2012 e 2013. O economista não acredita que isso vai evitar greves e nem se tornará necessariamente uma tendência no mercado. "A greve não envolve só questões salariais, então os trabalhadores podem reivindicar outras coisas. Sobre os pacotes, não diria que é uma tendência, mas abre possibilidades nas negociações", explica. Segundo ele, os fatores que podem evitar que empresas de outros setores também ofereçam pacotes vantajosos para os três anos seguintes são a insegurança com a instabilidade do mercado e a dificuldade em garantir uma oferta atrativa.
Outras greves
Uma das greves que mais afetou a vida dos paranaenses em 2011 foi a dos servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Foram 101 de paralisação, número ainda inferior ao registrado no movimento nacional, que foi de 110 dias parados.
A principal reivindicação da categoria era a redução da jornada de 40 horas semanais para 30 horas. A reivindicação foi atendida.
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