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impacto econômico

Gripe faz economia balançar

A economia levou um tombo em agosto e não foi por causa da crise internacional, deflagrada há quase um ano e que levou pânico aos mercados. O medo da vez atende pelo nome de gripe A, também conhecida como gripe suína ou H1N1, e vem sacudindo a vida de consumidores e empresas. Por receio da contaminação, muita gente adiou compras, deixou de frequentar shoppings, cinemas, restaurantes e também de viajar, afetando o comércio, o setor de serviços e o turismo. Redes de varejo cancelaram inaugurações de novas lojas para evitar aglomeração de pessoas. Restaurantes registraram uma queda de 40% a 70% no movimento. Os produtores de suínos viram o preço da carne despencar. E em alguns municípios, o medo da doença provocou até mesmo o fechamento de estabelecimentos comerciais e cinemas, como é o caso de Cascavel, no Oeste do estado. As empresas, por sua vez, estão mudando a rotina de seus funcionários e aumentando gastos com medidas de prevenção da doença. Sem falar nos gastos públicos pressionados pelos serviços de saúde.

Ainda não há um cálculo geral sobre o tamanho do estrago, mas analistas estimam que pelo menos 60% da economia paranaense foi afetada, em maior ou menor grau, pela gripe. Os efeitos de pandemias costumam ser grandes, embora tenham, em geral, curta duração – por aqui, estima-se que ela se estenda até fim de setembro. "A gripe impacta qualquer atividade que reúna um grande número de pessoas, como o comércio em geral, restaurantes, eventos esportivos e viagens. Mas a tendência é que, com a chegada da primavera, estas perdas sejam compensadas. O impacto dela, no fim das contas, será residual perto dos efeitos da crise econômica", diz o economista Gilmar Mendes Lourenço, coordenador do curso de Economia do Centro Universitário FAE.

O problema, segundo o professor Marcio Cruz, do departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é que a pandemia veio em um momento em que a economia já estava fragilizada por conta da crise internacional. A doença contaminou, curiosamente, setores que vinham sentindo menos os efeitos da turbulência internacional por dependerem principalmente do mercado interno – como o comércio e o setor de serviços.

Em bares e restaurantes, o movimento despencou entre 40% e 70%, afirma o presidente da regional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Marcelo Woellner Pereira. Segundo ele, muitas empresas do setor tiveram que antecipar férias para os funcionários por causa do movimento fraco. "E ainda não temos sinais de melhora."

No comércio, há quem diga que o resultado só não foi pior por causa do Dia dos Pais. Mas ainda não há pesquisas sobre o desempenho das vendas diante da gripe. O maior impacto se deu nos shoppings centers, que chegaram a amargar, nos sábados e domingos, um fluxo de pessoas semelhante ao de segunda-feira, considerado o dia mais fraco da semana.

Em Cascavel, onde o comércio foi fechado durante um dia por determinação das autoridades municipais, os prejuízos são ainda maiores. As perdas, segundo o diretor do Cascavel JL Shopping, João Luiz Felix, não se limitaram ao dia em que o empreendimento deixou de funcionar. "O problema é a insegurança e a boataria. Nos outros dias, o fluxo de pessoas e as vendas caíram 50%." Com 80 lojas, o empreendimento recebe cerca de 15 mil pessoas por dia.

Varejo

As grandes redes varejistas de eletroeletrônicos também sentiram o efeito. "O movimento do Dia dos Pais foi menor do que o esperado", afirma o superintendente da MM Mercado Móveis, Márcio Pauliki. A gripe também obrigou a MM a adiar, para entre o fim de setembro e a metade de outubro, a inauguração de quatro novas lojas no Paraná e em Santa Catarina. As unidades estão prontas, com funcionários já contratados. "Como fazemos muitas promoções, os eventos de inauguração atraem muita gente. Foi uma medida de precaução. Mas com ela adiamos também o faturamento com as novas lojas."

Segundo a presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Avani Slomp, no comércio de rua o impacto foi no setor de alimentos, que sofreu os efeitos da opção do consumidor de fazer suas refeições em casa. Mas ela reconhece que a gripe reduziu o chamado consumo por impulso. "As pessoas passaram a sair somente para comprar coisas específicas. Aquela compra que ocorre durante o passeio deixou de existir."

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