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No Brasil desde 2009, o grupo americano de educação DeVry anunciou, na terça-feira (15) seu maior investimento no mercado nacional: a compra de 96,4% da rede de ensino Ibmec por R$ 699 milhões. O porte do negócio surpreendeu executivos do setor, uma vez que os estrangeiros da DeVry são conhecidos por uma cautela extrema na condução das aquisições.

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Nos últimos sete anos, quando as empresas de educação lideraram um processo sem precedentes de compras e fusões no país, a DeVry fez nove aquisições, desembolsando um total de R$ 570 milhões. Hoje, ela controla 16 instituições e atende 135 mil alunos. A Kroton, maior companhia brasileira de educação, tem 1,1 milhão de estudantes.

“A compra do Ibmec não fará essa base subir consideravelmente, mas pode dar prestígio à DeVry, que já tem um portfólio de instituições com bom desempenho acadêmico”, diz o especialista Carlos Monteiro, da CM Consultoria.

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Com 15 mil alunos, o Ibmec se tornou referência em cursos de graduação e pós graduação em economia e administração, com mensalidades que beiram os R$ 3 mil. A rede está presente no Rio, em Brasília, Belo Horizonte e Campinas.

Expansão

Em nota, o presidente da DeVry Brasil, Carlos Degas Filgueiras, disse que um dos objetivos da compra é “consolidar a presença da rede na principal região do Brasil”. Os americanos entraram no mercado brasileiro pelo Nordeste, ao adquirir a Fanor, de Fortaleza.

Só em dezembro de 2014, com a compra da Damásio Educacional, de cursos preparatórios para carreiras jurídica e pública, a empresa chegou ao Sudeste. A DeVry também é dona da Clio, cursinho que prepara candidatos ao Instituto Rio Branco.

A dúvida do mercado agora é saber como e quando a rede deve estrear em São Paulo, cidade que está no centro de um desentendimento entre sócios do Ibmec e que pode ter motivado o processo de venda, por seu fundador, o ex-presidente do banco Garantia, Cláudio Haddad. Em 2004, a unidade paulistana tornou-se uma instituição sem fins lucrativos e mudou de nome para Insper. Haddad determinou que o Ibmec só poderia entrar na capital em 2016, para evitar conflitos de interesse.

Em 2013, o executivo VanDyck Silveira, que presidia a instituição na época, e, segundo fontes, não concordava com a decisão do sócio majoritário, se uniu a outros investidores e fez uma oferta de R$ 380 milhões pelo Ibmec. Haddad recusou e demitiu o presidente. Desde 2010, ele detém 40% da companhia. Outros 35% estavam nas mãos do fundo americano Capital e de minoritários.

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Desde o ano passado, Cláudio Haddad vinha negociando com fundos de private equity e com grandes companhias do setor. “O resultado dessa disputa”, diz Daniel Damiani da assessoria financeira JK Capital, “acabou sendo surpreendente, pelo valor do negócio e por ter sido a DeVry, tão conservadora em crescimento, a ficar com o ativo.”

Pioneira

A DeVry foi a primeira empresa do mundo no setor de Educação a abrir o capital. No último ano fiscal, encerrado em setembro, a companhia registrou uma receita líquida de US$ 2 bilhões globalmente.

O Brasil é o único país fora dos Estados Unidos em que o grupo tem atuação. “A DeVry Brasil tem um compromisso de longo prazo com o país”, disse Filgueiras, em nota. No comunicado, o presidente da instituição também ressaltou que a compra “é uma oportunidade de diversificar a atuação e ter menos exposição ao Fies (programa de financiamento estudantil), que hoje ocupa apenas 10,9% da receita do Ibmec”.