Não foi fácil mudar a cultura organizacional do Colégio Bom Jesus. A instituição de ensino franciscana comemorou o centenário em 1996 com apenas três escolas em Curitiba e uma administração descentralizada e conduzida pelos próprios frades. A coordenação isolada das unidades não permitia que o colégio de Curitiba replicasse seu método de ensino em escolas que eram abertas isoladamente por franciscanos em outros estados.
Com as mudanças no mercado e a concorrência ganhando espaço com novas soluções em ensino, os próprios frades que formavam a Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus (AFESBJ) se convenceram da necessidade de profissionalizar a gestão do colégio. Eles tomaram a decisão há 20 anos para unificar a administração e os métodos de ensino das escolas que já possuíam para dar início ao plano de expansão.
Nas palavras do atual diretor-geral do Grupo Educacional Bom Jesus, Jorge Siarcos, o processo de transição não foi fácil. “Cada escola tinha os seus administrativos, as suas folhas de pagamentos, os seus professores preparando aula”, conta.
O grande receio dos frades era perder a essência da instituição e deixar para trás o foco na formação do caráter humano. “Até porque muitos profissionais não são formados com esse pensamento de que [em uma escola] a educação e o administrativo são uma coisa só. Isso eles só acabam tendo com a unificação da cultura organizacional”, afirma Siarcos.
Com a entrada dos executivos, as principais mudanças adotadas foram a criação de uma Central de Serviços Compartilhados e um Centro de Pesquisa e Estudo. A central tratou de unificar a administração de todos os colégios, estabelecendo padrões, processos, normas e departamentos que aperfeiçoaram o controle administrativo e financeiro.
Já o centro de pesquisa cuidou da parte pedagógica ao criar materiais didáticos, planejamentos anuais e planos de aula a serem seguidos por todos os professores da rede. Com isso, um aluno do Rio de Janeiro tem o mesmo conteúdo que um estudante do Paraná, por exemplo. E os professores mais tempo para se dedicarem aos alunos e à pesquisa.
Outro passo importante foi a ampliação dos braços de negócio do grupo. Antes formado exclusivamente por instituições de ensino, o Bom Jesus passou a ter uma gráfica e editora para produzir e distribuir livros didáticos. Também apostou na abertura de uma academia, centro de idiomas e empresa de produtos promocionais feitos por alunos especiais.