O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB-RJ), protestou nesta terça-feira (24) contra movimentações na Câmara para ampliar a nova distribuição dos royalties do petróleo para a área já licitada do pré-sal. Indignado, Cabral acusou os deputados que encabeçam a idéia de querer "roubar" o Rio de Janeiro. Ele se encontrou nesta tarde com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). O projeto que trata do tema está pautado para entrar em discussão no plenário nessa noite.

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"Um grupo de parlamentares de vários partidos está com uma postura de como quem quer defender seu estado e quer roubar o Rio de Janeiro. Isso abre um precedente perigoso. A questão não é matemática, é política, é de democracia, é de princípios", disse o governador.

A proposta que irrita Cabral tem como "padrinho" o governador Eduardo Campos (PSB-PE). Em reunião com a bancada do Nordeste ficou acertada a defesa de uma emenda que estenda a nova distribuição dos royalties, que beneficia os estados não produtores, para a área já licitada do pré-sal. Inicialmente, as regras mudariam apenas para a área não licitada, cerca de 70% do total. O líder do partido de Campos, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), já assinou e defenderá em plenário esta emenda.

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Cabral lembra que a divisão dos royalties foi acertada em uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cobra o cumprimento do acordo fechado no início do mês. "O presidente Lula pressupôs corretamente que não se poderia mudar um ato jurídico perfeito e por isso a alteração é para o petróleo não licitado. No entanto, esta ameaça aqui na Câmara me parece um butim, um desrespeito federativo".

O governador do Rio destaca que o estado já está recebendo, ainda em pequena quantidade, os recursos de royalties de áreas do pré-sal. A partir de 2011 as receitas do estado seriam "expressivas", nas palavras de Cabral. Ele afirmou ainda que caso se deseje alterar a regra do petróleo já licitado poderia ser aberta a discussão para se acabar com a Zona Franca de Manaus, com fundos setoriais do Nordeste e Norte e até com o Fundo de Participação dos Estados, que privilegia os entes federativos mais pobres.

Em meio à polêmica, a votação do tema segue mantida para esta tarde. Uma medida provisória que trata de recursos para o combate à nova gripe tranca a pauta. Na sequencia entraria o projeto do pré-sal que muda o modelo de concessão para partilha de produção e divide os royalties. Após a reunião, Cabral seguiu para a casa de Temer, onde terá novas reuniões. Líderes de partidos da base já manifestaram a Temer e a Cabral que a maioria dos deputados é favorável à proposta que avança sobre o petróleo já licitado.

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