O grupo de estudos que avalia a possibilidade de estadualização da operadora de telefonia Sercomtel, de Londrina, tem prazo de 15 dias para apresentar suas conclusões, informou ontem o vice-presidente da empresa, Oscar Bordin, que também representa a Companhia Paranaense de Energia (Copel) na diretoria. Tomando o controle acionário da Sercomtel, a Copel, dona hoje de 45% da telefônica (o restante pertence à prefeitura de Londrina), pode ser agente do processo de estadualização.
Bordin afirmou que já existe estudo sobre a integração entre as duas empresas, mas que a nova comissão fará um detalhamento sobre o processo. "Vamos detalhar de forma mais concreta essa possibilidade", declarou. Segundo ele, para que a idéia ganhe corpo, é preciso fazer investimentos pesados e que para isso é preciso discutir com os dois acionistas, a prefeitura de Londrina e a Copel.
O vice-presidente da Sercomtel lembrou ainda que existem questões jurídicas a serem definidas para que o processo de estadualização seja levado a cabo. "Temos que definir como seria a parceria, se a Copel vai injetar dinheiro ou vai comprar parte do controle acionário", exemplificou. Entre as questões a serem abordadas está a lei que obriga a realização de plebiscito para definir se a prefeitura pode ou não vender ações num montante que a faça perder o controle acionário da empresa.
Reação
Como a estadualização depende da aprovação de medidas na Câmara Municipal de Londrina, o prefeito da cidade, Nedson Micheleti (PT), pode encontrar resistência para avançar na proposta. Ontem, os vereadores reagiram com críticas à falta de informações antecipadas sobre mudanças no secretariado municipal e sobre a Sercomtel. O ex-presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Francisco Moreno, foi transferido para a telefônica para dar rapidez ao processo de estadualização.
O presidente da Câmara, vereador Sidney de Souza (PTB), pediu informações sobre a veracidade dos números divulgados na segunda-feira. O prejuízo acumulado nos últimos anos, segundo o vereador, pode ser um argumento para justificar a venda das ações que ainda pertencem ao município.
Segundo o balanço divulgado nesta semana, a Sercomtel Celular registrou prejuízo de R$ 3,6 milhões no ano passado, um resultado melhor, portanto, que os R$ 4,6 milhões de prejuízo registrados no exercício anterior. O faturamento da Sercomtel Celular caiu 21%, para R$ 50,4 milhões no ano passado. "A queda na receita é fruto da abertura do mercado, que propiciou a entrada de novos concorrentes que antes não existiam em Londrina", informou o presidente da operadora, Gabriel de Campos.
Na Sercomtel Fixa, o demonstrativo indica que a operadora registrou prejuízo de R$ 6,018 milhões, dos quais R$ 6 milhões causados por empresas coligadas (a Ask, companhia de call center, e Adatel, operadora de TV a cabo em São José-SC e Osasco-SP). As empresas coligadas estão à venda.
Em 2006, a receita bruta da Sercomtel Fixa foi de R$ 205,2 milhões resultado 6,93% inferior ao registrado em 2005.