Arsênio de Almeida Neto: capacidade de se adaptar ao mercado imobiliário é um dos segredos da longevidade do Grupo Thá.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Uma empresa construída tijolo a tijolo e fundamentada na base sólida da tradição, mas sempre atenta às mudanças exigidas pelos novos tempos. Assim pode ser resumida a história do Grupo Thá. A empresa curitibana completa 120 anos em 2015 com mais de 7 milhões de metros quadrados construídos e planos de expandir a incorporação imobiliária na Região Sul, além de ampliar a prestação dos serviços de construção em nível nacional.

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A capacidade de adaptação à evolução do mercado imobiliário é um dos principais segredos da longevidade do grupo, fundado pelo imigrante italiano Maurizio Thá no ano de 1895. A empresa começou construindo palacetes durante o ciclo econômico da erva-mate, participou do processo de urbanização da capital na década de 1960 e chegou à era dos empreendimentos de uso misto com obras de referência, como 7th Avenue Live & Work, ganhador do prêmio de empreendimento em 2012 pela Ademi-PR.

O CEO da Thá, Arsênio de Almeida Neto, conta que a atuação em duas frentes distintas, voltadas à incorporação e à construção imobiliária, foi fundamental para a consolidação da empresa ao longo de 12 décadas. “Essas duas atividades nos deram uma flexibilidade muito boa para aproveitar as melhores oportunidades e contornar os momentos de crise do país, atuando em alguns momentos mais na prestação de serviços de construção e, em outros, na incorporação.” O grupo tem ainda uma imobiliária em parceria com a Lopes, que detém 60% do negócio.

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Crescimento planejado

Em 2014, o Grupo Thá alcançou receita bruta de R$ 430 milhões, que representou um crescimento de 25% em relação ao ano anterior. O Volume Geral de Vendas (VGV) de R$ 280 milhões lançados no período, no entanto, foi 45% menor do que o registrado em 2013, resultado do movimento de ajuste pelo qual passa o mercado do setor.

Para o futuro, os planos de expansão da companhia estão traçados de acordo com seus braços de atuação. Na área da incorporação imobiliária, a Thá não tem pretensões nacionais e direciona seus esforços para expandir ainda mais sua presença na Região Sul. Segundo Almeida Neto, por acreditar que o sucesso dos empreendimentos está diretamente relacionado ao profundo conhecimento das diferenças e peculiaridades de cada cidade.

Assim, o próximo objetivo é levar seus projetos também para o Rio Grande do Sul – a empresa já atua no interior do Paraná, Joinville e Vale do Itajaí. “Estamos mapeando o mercado do Rio Grande do Sul há dois anos e temos negociações em andamento com parceiros locais. Não há, no entanto, previsão efetiva de lançamento para os próximos meses. Esperamos uma condição macro de mercado mais favorável para esta expansão”, conta o CEO.

Com a construtora, por sua vez, a estratégia é outra. O grupo planeja ampliar sua atuação na prestação de serviços de construção por meio de sua plataforma nacional de negócios em diversos segmentos, que vão de shoppings e centros educacionais ao setor de varejo. Nele, a Thá conta com clientes de peso como Walmart, Leroy Merlin e Carrefour.

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Fazendo história

Acompanhando o desenvolvimento da cidade, as obras executadas pelo Grupo Thá ao longo de 120 anos ajudam a contar parte da história arquitetônica e urbanística de Curitiba. Conheça alguns dos prédios que levam a assinatura da empresa:

Palacete do Batel

Construído entre os anos de 1912 e 1914, a obra, juntamente com o vizinho Castelo do Batel e outros casarões da região, é um dos símbolos do período de prosperidade dos ciclos da erva-mate e da madeira na capital. O prédio é tombado como patrimônio histórico estadual.

Paço da Liberdade

A primeira sede própria da prefeitura de Curitiba também foi obra da Thá. Inaugurado oficialmente em 1916, o Paço da Liberdade foi construído onde antes funcionava o Mercado Municipal e é o único monumento do estado tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Hoje, abriga uma unidade do Serviço Social do Comércio (Sesc).

Shopping Mueller

Inaugurado em 1983, o primeiro shopping de Curitiba foi construído aproveitando as instalações da antiga metalúrgica Mueller pelo processo hoje conhecido como retrofit.

Trade Center

Com aproximadamente 147 metros de altura, o Curitiba Trade Center Office Building foi inaugurado em 1997, na Alameda Carlos de Carvalho número 417, como o edifício mais alto da cidade. Popularmente conhecido como “prédio do relógio”, possui 19,1 mil m² de área construída e abriga diversos escritórios.

7th Avenue Live & Work

Em fase final de obras, é considerado um dos maiores e mais modernos projetos do Grupo Thá ao reunir torres residenciais, corporativas e de conjuntos office, além de lojas comerciais, no Centro de Curitiba, em plena Avenida Sete de Setembro, entre as Ruas João Negrão e Conselheiro Laurindo.

Aporte de fundo internacional deu novo fôlego ao negócio

Há aproximadamente dez anos, cerca de 30 sócios herdeiros tocavam os negócios do Grupo Thá, que já estava sob a administração da quarta geração da família. Para garantir a perenidade da empresa, tinha chegado a hora de profissionalizar a gestão da companhia,

O CEO do Grupo Thá, Arsênio de Almeida Neto, conta que o objetivo era avançar na busca de um maior nível de governança corporativa da empresa quando ficou clara a importância da participação de um sócio institucional que pudesse contribuir para o movimento de crescimento e expansão do negócio.

Após discussões sobre uma possível união com outras construtoras de capital aberto – descartada pela vontade de se manter a força da marca Thá –, o novo fôlego chegou em 2012, com o aporte da Equity International, empresa do megainvestidor americano Sam Zell, que é majoritária ao deter mais de 80% do Grupo Thá. “A família tem uma participação pequena, mas não abre mão de manter uma posição na companhia”, explica o CEO.

Gestão

A chegada do novo dono trouxe mudanças relacionadas à gestão da empresa, que passou a ter suas reuniões de conselho realizadas em Curitiba e também nos Estados Unidos, e à percepção de mercado. Almeida Neto conta que os executivos do fundo participam de empresas em diversos países do mundo, o que oferece uma visão muito rápida das mudanças e inovações que acontecem na China, Índia e América do Sul, por exemplo. “Combinar essa visão global que o fundo traz com a expertise local é sempre positivo, principalmente em momentos econômicos mais complicados como o que vivemos hoje”, finaliza. (SA)