Prédio da Thá no Centro de Curitiba: grupo centenário era um dos poucos a ainda ter a gestão acompanhada de perto pela família| Foto: Marco André Lima / Gazeta do Povo
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O Grupo Thá, que reúne incorporadora, imobiliária e construtora, vendeu o seu controle acionário ao fundo de investimentos Equity International, pertencente ao megainvestidor americano Sam Zell. A informação foi confirmada ao jornal Valor Econômico por funcionários da empresa, que receberam um e-mail de notificação sobre o negócio, enviado pela sua diretoria na última sexta-feira. A empresa não prestou declarações sobre o assunto.

Não foram divulgados os valores da transação e nem a porcentagem exata da participação adquirida pelo fundo. O negócio, porém, é visto como favorável à Thá, pelas possibilidades de crescimento e também pelo vulto de seu novo parceiro. Zell é um dos mais conhecidos magnatas do mercado imobiliário no mundo e já chegou a ter participações em empresas como a construtora e incorporadora Gafisa (leia mais nesta página).

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Para Armando Rocha, sócio da consultoria especializada em fusões e aquisições Deal Maker, a Thá ganha com a possibilidade de acelerar seu crescimento e reforçar seu peso regionalmente, enquanto a Equity Inter­national pode alcançar um bom lucro com a provável venda de sua participação na companhia dentro de alguns anos. "O perfil de um investidor institucional é o de fazer um aporte num negócio já com uma perspectiva de saída em determinado prazo. Acredito que com a Thá não será diferente e o negócio poderá ser positivo às duas organizações", afirma Rocha.

O consultor também elogiou a "coragem" da Thá – empresa centenária e que ainda apresentava participação familiar, mesmo tendo profissionalizado sua gestão em 2005 – na operação. Segundo ele, não é comum empresas com este perfil se aliarem a investidores institucionais.

O cenário dos investimentos em participações, no entanto, pode estar mudando. Repor­tagens recentes da Gazeta do Povo mostram que executivos e fundos têm voltado sua atenção de forma crescente a mercados fora do eixo Rio-São Paulo. Este quadro é visto por Rocha não apenas como uma opção por outras regiões do país, mas também como uma fuga das "oportunidades óbvias" por parte dos investidores.

Investidor tem patrimônio de US$ 4,7 bi

O megainvestidor que comanda a Equity International, fundo de investimento institucional que comprou o controle acionário da Thá, é conhecido globalmente por suas negociações e posturas arrojadas. Sam Zell figura na lista de bilionários americanos da Forbes, na posição 66, com US$ 4,7 bilhões contabilizados.

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Com 69 anos e natural de Chicago, ele ficou conhecido tanto em seu país de origem como no Brasil por suas participações em empresas e negócios de destaque, principalmente no setor imobiliário – há cinco anos, ele vendeu sua empresa de imóveis comerciais, a Equity Office Properties, por US$ 39 bilhões, na maior transação deste mercado dos EUA e pouco antes da crise de 2008, que causou prejuízes gigantescos ao setor.

Sua aventura pelo setor de mídia, em 2007, não terminou tão bem – Zell assumiu o controle da fusão entre duas gigantes da imprensa americana – a The Tribune Company, detentora do jornal Chicago Tribune, e a Time-Mirror Company, dona do Los Angeles Times. A partir de uma complexa operação financeira, ele passou a dono do negócio, que em poucos meses acentuou suas dívidas e, pelo menos até junho de 2011, ainda seguia em recuperação judicial.

Ainda assim, Zell é muito bem visto no mercado americano e brasileiro, até pelo porte de suas operações. O Equity International foi um dos primeiros fundos a apostar e tentar saber mais sobre o Brasil, onde tem participações na administradora de shoppings BR Malls, na Bracor (que aluga imóveis comerciais) e na AGV Logística. Ainda em 2011, ele sinalizou a venda das fatias que possuía na construtora e incorporadora Gafisa e na Brazilian Finance, empresa focada no financiamento imobiliário, negociada com o banco PanAmericano. Recentemente, a empresa assumiu que pretende pelo menos dobrar o número de negócios no país, podendo ultrapassar a marca de dez empresas parceiras.