De volta ao setor privado, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes fez duras críticas aos regimes socialistas e ao dirigismo estatal da economia, contrários, segundo ele, ao crescimento e desenvolvimento dos países. Ele deu aula magna para lançamento do MBA Macroeconomia & Portfolio Management nesta segunda-feira (18).
O MBA, em formato digital, foi construído em parceria com o Grupo Primo, do influenciador financeiro Thiago Nigro, o Primo Rico. A ideia, segundo Guedes, é compartilhar seus conhecimentos à frente do mercado financeiro, onde se destacou como um dos fundadores do antigo Banco Pactual (hoje BTG Pactual), em 1983. É também uma inciativa de retorno à origens, já que o ex-ministro lançou o primeiro curso de MBA executivo do país, nos anos 1980, à frente do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais).
Na aula desta segunda, assistida ao vivo por mais de 5,5 mil pessoas no YouTube, Guedes falou sobre o "caminho da prosperidade" da economia, confrontando o modelo liberal versus o dirigismo estatal das economias socialistas, classificando os princípios de democracia e livre mercado como pilares do crescimento.
"São os dois grandes algoritmos de cooperação que a humanidade construiu ao longo de milênios, desde a democracia incipiente na Grécia ou o livre comércio entre fenícios ou babilônicos", disse.
A vertente oposta, o socialismo, foi criação de "meia dúzia de caras que se reuniram em torno de uma seita", na visão do ex-ministro. Guedes afirmou que a teoria do valor do trabalho de Marx é equivocada, superada, obsoleta e não prova nada do que evidencia a experiência prática. "O marxismo roubou a bandeira da fraternidade das grandes religiões, e se transformou numa religião laica. Levou países e continentes à miséria e continua levando", disse o ex-ministro.
Guedes exibiu gráficos com a trajetória da economia mundial desde o século passado, mostrando crescimento expressivo de países socialistas – como a China – após ingressarem nos mercados globais, com abertura às exportações e economia de mercado.
Para Guedes, a historia demonstra que existe um caminho para a riqueza. Foi seguido pela Inglaterra, que se tornou um império; pelos Estados Unidos, onde 13 colônias se tornaram uma nação livre e independente graças à defesa da liberdade e contra a exploração via impostos; pela Alemanha reunificada e Japão, no pós guerra, que recuperaram suas economias em bases liberais. "A filosofia liberal democrata foi a que deu certo no mundo", afirmou na aula.
Da mesma forma, apontou Guedes, a história comprova a experiência desastrosa da opção oposta. A Argentina é o exemplo emblemático da América Latina. Ao longo de 100 anos, passou de terceira maior renda per capita do mundo para um país pobre e com inflação e dívida pública estratosféricas. O empobrecimento fulminante da Venezuela também é notório, assim como o de Cuba, que tinha economia relativamente estável para a região e, após a revolução comunista, mergulhou em miséria.
"Primeiro, culparam o capitalismo por explorar trabalhadores. Depois, mudaram o sistema e agora atribuem a pobreza ao embargo e sanções americanos. Quer dizer, se tem comércio, tem exploração. Se não tem, falam que a culpa é sua falta. Não há fundamento lógico na na defesa de ideologias de economias dirigistas e de sistemas políticos fechados", sustentou.
"Conseguimos transferir o eixo de crescimento da economia, que era baseado no setor público", disse Guedes
Para exemplificar os fundamentos do pensamento liberal, o ex-ministro fez um relato de sua experiência à frente do Ministério da Economia, com defesa do seu legado. Para ele, na sua gestão foi possível desarmar a armadilha do baixo crescimento, apesar do enfrentamento da pandemia e da guerra na Ucrânia.
"Conseguimos transferir o eixo de crescimento da economia, que era baseado no setor público", disse. Guedes destacou a promoção da liberdade econômica com o estímulo ao empreendedorismo, estabilidade fiscal e monetária, Banco Central independente e reforma da Previdência.
"Estabilizamos o gasto com a dívida pública, que era de R$ 400 bilhões e caiu para pouco mais de R$ 200 bilhões depois de dois anos. As privatizações ajudaram para isso. A desalavancagem dos bancos públicos democratizou o crédito aos pequenos e médios empresários. Colocamos os fundamentos no lugar para iniciar a trajetória de crescimento", disse.
Apesar de a pandemia ter interrompido o crescimento, Guedes afirmou que a "bússola" da economia permitiu enfrentar com sucesso a maior crise sanitária que o mundo vivenciou.
Previsões do mercado chegaram a indicar que a economia brasileira cairia mais de 10% em 2020. O FMI projetou uma baixa de 9,7%. Mas quem caiu neste patamar foi o PIB da Inglaterra. O da Itália caiu mais de 8%, o da França, mais de 7%, o da Alemanha 5,6%, e o do Japão, 4,5%. "O Brasil caiu apenas 3% porque tinha ferramentas econômicas para driblar o cenário", disse o ex-ministro.
Guedes destacou que o auxilio emergencial foi "dinheiro na mão" de quem precisava em tempo recorde. "Foi a maior redução de pobreza em 40 anos. Se você quer acabar com a pobreza, não passa recursos para banco público, pra repassar pra 'campeão nacional' e se perder na burocracia. Isso é igual sorvete no deserto, vai derretendo", disse.
O ex-ministro também lembrou o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), em que as empresas puderam reduzir jornada e remuneração, com ajuda do governo para pagar parte dos salários. O programa preservou 11 milhões de empregos, disse Guedes.
"Nos primeiros 60 dias perdemos 1,2 milhão de empregos formais. Com o beneficio emergencial, pagamos a metade dos salários para o empresário não demitir. Um terço dos empregos foi salvo pela politica eficiente e rápida", afirmou.
Guedes também citou o acerto da política monetária, que fez o país ser um dos primeiros a conseguir baixar os juros com a inflação controlada no pós-pandemia. Ele lembra que o retorno da economia, foi em "V", conforme havia previsto. "Chegamos a 2022 com crescimento de 2,4%. Poderíamos ter seguido crescendo dez anos", acredita.
O ex-ministro disse que, com o acerto das medidas, a relação dívida/PIB caiu de aproximadamente 76% antes da Covid-19 para 73% no fim de 2022. "Nos já pagamos a dívida da guerra e da Covid, não deixamos para as próximas gerações, como estão fazendo muitos países desenvolvidos, entre eles os EUA", finalizou.
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