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De surpresa

Guerra de preços entre postos acaba e combustível sobe

Totens mostram preços iguais gasolina comum e etanol em diversos postos de combustível de Curitiba: uniformidade gera desconfiança do Procon e do MP | Fotos: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Totens mostram preços iguais gasolina comum e etanol em diversos postos de combustível de Curitiba: uniformidade gera desconfiança do Procon e do MP (Foto: Fotos: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo)

Motoristas de Curitiba foram surpreendidos, ontem, com o aumento do preço dos combustíveis, que chegaram a subir, entre um dia e outro, quase R$ 0,50 no caso da gasolina e R$ 0,20 no do etanol. A explicação dos postos é que a "guerra de preços" travada há meses acabou devido à notícia de que em breve as distribuidoras vão subir o valor do litro dos combustíveis. Já o sindicato da categoria afirma que alguns estabelecimentos estavam diminuindo o preço de maneira desleal e, pela forte concorrência no setor, os demais precisaram acompanhar e trabalhar, por vezes, sem margem de lucro.

De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que realiza pesquisas semanais em postos de todo o Brasil, o valor médio da gasolina em Curitiba, na semana passada, era de R$ 2,46 e do etanol, R$ 1,82. Ontem, em um levantamento informal realizado pela reportagem, a média de preços de 20 postos da capital era de R$ 2,84 para a gasolina e R$ 1,96 para o etanol – havia postos cobrando R$ 2,89 pela gasolina e R$ 1,99 pelo etanol.

Roberto Fregonese, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR), avalia que a subida de preços verificada entre terça e quarta-feira se deu porque os valores cobrados pelos postos estavam muito baixos. "O mercado de Curitiba tem uma concorrência muito grande e havia postos vendendo combustível abaixo do preço de custo. Não há milagre, se o valor estava muito baixo é porque havia fraude. Houve uma readequação de preços e a tendência era que o valor ficasse em um patamar mais alto", explica Fregonese.

Pelos dados do IPCA, que mede a inflação dos produtos, o valor da gasolina acumula, entre janeiro e setembro, queda de 5,1%. Já o etanol está 5,2% mais barato que em janeiro – o que confirma que os preços praticados pelos postos estão mais baixos. Entretanto, o valor reajustado pelos postos nesta semana coloca o preço atual acima do que já foi cobrado o ano inteiro, no caso da gasolina. Já o valor médio do etanol só foi mais alto em janeiro (veja no gráfico).

Fregonese conta ainda que notificou em cartório os postos que estavam vendendo combustível abaixo do preço custo. "Não sei se essa subida pode ser reflexo da notificação dos postos, que realizavam ‘pseudo-promoções’, mas que na verdade, em muitos casos, vendiam combustível ilegal", ressalta.

Preço cresce R$ 0,46 em uma hora

O levantamento informal realizado pela Gazeta do Povo constatou que os preços dos combustíveis em alguns estabelecimentos mudaram de uma hora para outra – literalmente. Em um posto no bairro Santo Inácio, em Curitiba, por volta das 11 horas de ontem, o litro da gasolina custava R$ R$ 2,39 e do etanol, R$ 1,79. A reportagem foi informada que o preço seria alterado "a qualquer momento". Ao meio-dia, a comprovação: o derivado do petróleo passou para R$ 2,85 e o biocombustível, R$ 1,94.

A alta no preço de combustíveis na véspera do feriado de Finados, em uma semana de muito calor e com feriado prolongado, levantou suspeitas de leitores que deixaram seu comentário no site da Gazeta do Povo. "Isto é um absurdo, este aumento foi abusivo, logo depois das eleições e em véspera de feriado. Será que isso foi premeditado?", questionou a leitora Gyselle Crystina Gonçalves.

Os postos negam a relação. Mario Bezerra, gerente de um posto no Bom Retiro, em que o litro do etanol subiu R$ 0,20 e a gasolina R$ 0,30, afirma que as distribuidoras já começam a avisar do repasse no valor dos combustíveis. "Não tem nada a ver com o feriado. Estávamos trabalhando no limite", pondera."Paz" no mercado

Já para Algeu Nunes de Oliveira, gerente de um posto no Batel, a "guerra de preços" travada entre os estabelecimentos fez com que a sua empresa trabalhasse no prejuízo há três meses. "O preço estava abaixo do custo e todo mundo estava com prejuízos. Com o aumento conseguimos recuperar a margem", explica.

Questionado sobre a alta na distribuição, o Sin­­­dicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) não respondeu até o fechamento da edição.

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