Móveis exigem mais painéis
A capacidade da indústria de painéis de madeira (MDF, chapas de fibra e aglomerado), hoje em 6 milhões de metros cúbicos por ano, deve aumentar 40% até 2012, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Painéis (Abipa). Os projetos de expansão em todo o país somam investimentos de US$ 800 milhões nos próximos três anos, de acordo com Rosane Donati, superintendente executiva da associação.Os projetos de investimento vêm no embalo do crescimento da indústria de móveis que só nesse ano deve crescer 10% e no aumento do uso de painéis de MDF em outras aplicações, como molduras na construção civil. Parte da produção das novas plantas de painéis também deve ir para a exportação.
Secretário promete reação
"O Paraná vai questionar no Supremo Tribunal Federal qualquer benefício fiscal que não tenha sido aprovado pelo Confaz [Conselho Nacional de Política Fazendária]", afirma Heron Arzua, secretário da Fazenda, ao ser questionado sobre incentivos que atraem madeireiras para o estado vizinho. "Vamos continuar agindo como até agora. Se não conseguirmos liminar favorável, vamos conceder os mesmos incentivos do outro estado até que o julgamento seja realizado." A guerra fiscal entre os estados, que se intensificou nos últimos meses, tem resultado em uma série de ações no STF. Na quarta-feira passada, o próprio Paraná sofreu uma derrota nesse âmbito. O STF suspendeu, por meio de liminar obtida pelo governo do Amazonas, o incentivo paranaense para o setor de informática.
A Compensados Rossoni, empresa do deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB), líder da oposição na Assembléia Legislativa, vai construir uma fábrica de painéis de madeira em Santa Catarina. A nova unidade industrial, que deve entrar em operação dentro de um ano, vai produzir Medium Density Fiberboard (MDF), painel usado principalmente pelo setor moveleiro. A previsão é produzir 6 mil metros cúbicos por mês. O projeto, segundo informações do mercado, está orçado em R$ 25 milhões.
O deputado evita falar sobre o local da nova fábrica, mas especula-se que o município de Porto União é o mais cotado para receber o investimento. "Já encomendamos os maquinários da Alemanha e da China", diz. Essa será segunda fábrica da Rossoni, que tem uma unidade em Bituruna, no sul do Paraná, onde fabrica 5 mil metros cúbicos por mês de compensado de pinus e eucalipto destinado ao setor naval.
Hoje 100% da produção é exportada, principalmente para Europa (70%) e Estados Unidos (30%), o que gera um faturamento mensal de US$ 1,2 milhão. A fábrica de Santa Catarina deve abastecer o mercado interno e gerar 300 empregos diretos, de acordo com Rossoni. Estima-se que a nova planta deva gerar receitas de US$ 2,4 milhões por mês, considerando-se o preço atual do MDF no mercado, de US$ 400 por metro cúbico.
Atraída pelos incentivos fiscais e pela oferta de base florestal, a Rossoni é a quarta empresa do setor da madeira do Paraná a anunciar investimentos em Santa Catarina em 2007. A Berneck, com fábrica em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, tem planos de erguer uma unidade industrial para a produção de aglomerado em Santa Catarina em 2009, com capacidade para produzir entre 2 mil e 2,5 mil metros cúbicos por dia. A Sudati e a Guararapes, ambas com sede em Palmas, no sul do estado,vão investir em duas unidades industriais de MDF em Santa Catarina. Cada uma terá capacidade de 180 mil metros cúbicos por ano, e deve custar entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões.
Para o consultor Marco Tuoto, da STCP Engenharia, de Curitiba, especializada no setor madeireiro, a ida de madeireiras para o estado vizinho é uma tendência de mercado. "Principalmente por conta da falta de florestas disponíveis, o Paraná vai ficar de fora da rota dos grandes investimentos do setor, especialmente o de construção de novas fábricas", diz.
Segundo ele, com a escassez, o preço da terra subiu muito e bate a marca dos R$ 10 mil por hectare. "É preciso considerar que o Paraná também é um grande produtor agrícola, com grande parte das suas propriedades voltadas para esse ramo", afirma Tuoto.
Em Santa Catarina, além da maior oferta de florestas, as fábricas também têm recebido incentivos fiscais, por meio do Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense (Prodec) e do Pró-Emprego.O Prodec alonga o prazo para a empresa recolher parte do ICMS a ser gerado por um novo projeto, até que atinja o montante do investimento necessário para a instalação do empreendimento. Os porcentuais, prazos e juros são estabelecidos por um conselho deliberativo. O Pró-Emprego, por sua vez, concede tratamento tributário diferenciado do ICMS em toda a cadeia produtiva: desde diferimentos na importação de máquinas, equipamentos, matéria-prima e mercadorias, até a redução da alíquota na venda posterior.
Algumas madeireiras paranaenses incluídas no Prodec, por exemplo, não vão pagar ICMS nas compras realizadas dentro do estado, e os investimentos em unidades fabris e importações serão isentos. Além disso, o ICMS sobre as vendas só será pago quatro ou cinco anos depois, com desconto de até 40%
Apesar de prever críticas por conta da investida em Santa Catarina já que ocupa um cargo político no Paraná Valdir Rossoni afirma que não há como viabilizar investimentos locais sem que a política fiscal paranaense mude. "O estado está perdendo a guerra fiscal para os outros estados", diz.
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