Banda larga
PNBL está "ultrapassado", diz executivo
A proposta do governo de oferecer banda larga de 1 mega a R$ 35 está "ultrapassada" e fora da realidade atual do mercado, que exige velocidades maiores para baixar novos conteúdos, como vídeos e jogos, avalia o presidente da GVT, Amos Genish. O preço está previsto no Plano Nacional de Banda Larga, que estabeleceu metas de universalização do serviço e relançou a Telebrás no ano passado. Para o executivo, a velocidade mínima a ser oferecida teria de ser de 4 a 5 mega. Esse, diz, é o limite mínimo nos EUA para considerar o serviço como banda larga.
Hoje, diz, a GVT oferece 5 mega a R$ 49. Com algum grau de isenção ou redução de impostos e negociações com fornecedores (que vão ganhar na escala das encomendas), afirma, o governo conseguiria chegar "facilmente" ao preço de R$ 35 para 5 mega.
Ganish afirmou que levou a proposta de aumentar a velocidade prevista no plano ao ministro Paulo Bernardo (Comunicações), com quem esteve reunido na terça-feira. O executivo disse ainda que expôs a carência de infraestrutura de telecomunicações no país e citou o exemplo da Região Norte, onde não há rede de longa distância de fibra ótica conectando-a com outras regiões. "Não estamos, por exemplo, em Manaus e Belém porque esse é um investimento muito alto, que tem de ser feito pela Telebrás."
Na visão de Ganish, a falta de concorrência no setor, outro problema a ser atacado pelo governo, é responsável pelo elevado custo final dos produtos. Uma das iniciativas para contornar esse entrave foi a união das operadoras TIM, Vivo, Embratel e GVT na construção de uma rede de 2 mil km de fibra ótica até Cuiabá (MT) e Campo Grande (MS), que permitirá ampliar e baratear os serviços no Centro-Oeste. Ganish disse que a decisão de construir e compartilhar a nova rede se deve ao alto custo e ao difícil acesso à rede da Oi, a única disponível para a região.
A operadora de telecomunicações GVT investirá R$ 1,73 bilhão neste ano mais do que o R$ 1,4 bilhão de 2010. Os recursos serão usados principalmente na expansão da rede própria da companhia, presente em 100 cidades, e no lançamento, no segundo semestre, do serviço de tevê por assinatura, projeto que consumirá R$ 200 milhões.
A GVT anunciou ontem a sua entrada no mercado do Rio de Janeiro, cidade na qual irá oferecer inicialmente pacotes de telefone fixo e internet banda larga a partir de 5 mega, ao custo de R$ 49,90. A empresa espera ingressar na capital paulista ainda no segundo semestre. A GVT tem reservados investimentos de R$ 400 milhões neste ano para começar a instalar sua rede em São Paulo, mas encontra dificuldades para obter licenças para a construção, segundo Amos Genish, presidente da operadora. "Estamos otimistas. Mas não é fácil construir em cidades como São Paulo. Já firmamos um protocolo de intenções com a prefeitura, mas é possível que tenhamos de adiar por alguns meses o lançamento [dos serviços]", afirma. Se isso acontecer, diz, o investimento será alocado em outras cidades. A meta da GVT é investir R$ 2 bilhões na construção de sua rede na capital paulista. "A cidade é chave na nossa estratégia", justifica Genish.
Controlada desde o ano passado pela francesa Vivendi, a GVT nasceu como empresa espelho da antiga concessionária Brasil Telecom (incorporada pela Oi) e atendia ao Sul e Centro-Oeste. Iniciou sua expansão por algumas capitais do Nordeste e Sudeste e cidades de médio porte dessas regiões. No estado do Rio, lançou, primeiro, seus serviços em Niterói onde conta com 23 mil clientes. Na capital, vai oferecer 73 mil acessos de internet e telefone fixo, o que corresponde a 15% do território. A meta é chegar a 30% de cobertura na área urbana.
Tevê paga
Já o projeto de tevê por assinatura prevê um sistema "híbrido" de IPTV (tevê sobre protocolo de internet) e transmissão via satélite. Genish disse que o serviço já poderia estar disponível não fosse a falta de espaço nos satélites brasileiros. A empresa teve de negociar com a Intelsat a liberação de um satélite, que estava direcionado para a África e está sendo deslocado para a posição orbital do Brasil, para poder oferecer os serviços de tevê. Pagará R$ 250 milhões em dez anos. "É um investimento muito alto", afirma. O executivo criticou ainda a legislação brasileira que impede a transmissão de tevê pela rede de telefonia, restrição que, segundo ele, acaba por onerar o preço dos serviços.
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