O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, reafirmou mesta segunda-feira que a política monetária tem como objetivo garantir a estabilidade da economia, o que aumenta a previsibilidade dos fatos e favorece o alongamento dos prazos de planejamento das empresas e das famílias. Ele ponderou, contudo, que há "limites" na atuação do Banco Central. Meirelles lembrou, por exemplo, que a política monetária não tem influência sobre aspectos microeconômicos, como a taxa de produtividade das empresas. "Isso depende de ações do setor público e privado", afirmou.
O presidente da autoridade monetária citou, em entrevista coletiva à imprensa, que a estabilidade perseguida pelo BC permite o aumento do investimento na economia, o que dá condições para o crescimento sustentado. Diante do aumento recente da inflação, Meirelles afirmou que não só o Banco Central mas todo o governo tem compromisso em convergir a inflação para a meta. Definida pelo Conselho Monetário Nacional, a meta para 2008 e 2009 é de 4,5%, com margem de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.
Meirelles aproveitou para reafirmar o compromisso do Banco Central para que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) convirja para o centro da meta de inflação (4,5%) em 2009. Ele lembrou que o efeito das elevações na Selic, taxa básica de juros, "se acumula e é crescente". "Isso vai dando resultado ao longo do tempo", disse.
Focus
Meirelles evitou comemorar a queda da projeção para o IPCA em 2008 e nos próximos 12 meses, conforme divulgado na pesquisa Focus de nesta segunda. "Não fazemos projeção de curto prazo", afirmou, ao comentar que eventuais modificações das expectativas do BC para o IPCA só são divulgadas nos documentos oficiais do Banco, como a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e o relatório de inflação.
Ele observou, no entanto, que é "prematuro" dizer que a queda observada na pesquisa Focus já é resultado das elevações na Selic promovidas pelo BC desde abril. A Focus mostrou que as estimativas de analistas para o IPCA em 2008 recuou de 6,58% na semana passada para 6,54% na pesquisa divulgada nesta segunda-feira.
O presidente do BC também disse ser prematuro projetar o impacto da queda recente dos preços internacionais das matérias-primas (commodities). Sobre este tema, Meirelles ressaltou ser necessário aguardar a evolução dos preços nos próximos meses. Ele também evitou comentar a avaliação de alguns analistas que têm citado que a inflação já teria passado do pior momento.