Em sua primeira participação em uma reunião do G20, o grupo dos 20 países mais desenvolvidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou uma maior atenção e ações concretas às nações emergentes e em desenvolvimento em um discurso nesta sexta (24), em Bangalore, na Índia.
Haddad afirmou que o governo brasileiro pretende trabalhar com mais proximidade aos países do grupo para “reconstruir nossa presença internacional” principalmente nos assuntos econômicos e financeiros.
“Trabalharemos com este grupo para promover entendimentos baseados na inclusão e em um futuro sustentável para os povos e nações”, disse em referência à presidência do grupo, que será exercida pelo Brasil a partir de 2024.
Apesar do otimismo em restabelecer as relações diplomáticas com as maiores economias, Haddad disse que as maiores economias precisam tomar ações mais concretas para os desafios enfrentados pelas nações emergentes, como “crises multidimensionais, consequências da pandemia, guerras, conflitos, aumento da pobreza, desigualdades e obstáculos ao abastecimento de alimentos e energia limpa a preços acessíveis”.
“Nesse contexto, o aumento do diálogo entre as maiores economias é importante, mas não suficiente. Precisamos de ações com resultados concretos”, disse.
O ministro também cobrou um aprofundamento das discussões sobre “reformas nos bancos multilaterais de desenvolvimento que reforcem seu papel de formar parcerias e canalizar recursos para lidar com o nexo clima, alimentação e pobreza”.
Segundo Haddad, essas instituições devem ser bem capitalizadas e flexíveis “para apoiar os países em desenvolvimento com financiamento de longo prazo, taxas de juros adequadas e estruturas inovadoras para reduzir riscos, estimular parcerias público-privadas e atrair investimentos privados”.
A guerra da Rússia contra a Ucrânia, que completa um ano nesta sexta (24), também foi citada indiretamente no discurso do ministro, que lembrou que todos os países precisaram elevar suas taxas de juros para segurar o avanço da inflação, mas que isso afetou diretamente as economias menos desenvolvidas.
“Estamos preocupados com os níveis de endividamento, principalmente entre os países mais pobres. A elevação dos juros em meio à fragilidade da economia mundial agravam o cenário”, disse.
Desenvolvimento e clima
A agenda climática também esteve presente no discurso do ministro da Fazenda no encontro do G20 na Índia. Haddad elogiou a citação pela presidência indiana do encontro “por suas prioridades em finanças sustentáveis e infraestrutura urbana”, e afirmou que o Brasil “defende que os debates considerem as especificidades, em particular as dos países em desenvolvimento e emergentes, que têm diferentes desafios e prioridades econômicas e sociais”.
“O financiamento climático é mais caro e apresenta taxas de risco mais altas para esses países, o que dificulta o alcance das metas de redução de emissões de carbono”, disse.
Haddad afirmou que é fundamental que os países desenvolvidos cumpram os compromissos estabelecidos pelo Acordo de Paris e a ambição declarada em Glasgow e no Egito, incluindo o aumento de recursos para mitigação e adaptação às economias de baixo carbono. “No caso brasileiro, gostaria de destacar o compromisso renovado do presidente Lula de acabar com o desmatamento até 2030”.
“Na infraestrutura, os investimentos nas cidades são fundamentais para apoiar um desenvolvimento equilibrado e inclusivo, baseado em soluções sustentáveis de baixo carbono e que respeitem a natureza”, finalizou.
Fernando Haddad viajou à Índia na quarta (22) com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para iniciar uma aproximação com os países do G20. Nesta sexta (24), o ministro terá reuniões bilaterais com Sérgio Massa, ministro das finanças da Argentina; Enoch Guandongwana, ministro das finanças da África do Sul; e Nádia Calvino, ministra das finanças da Espanha.
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