O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (25) que o encontro de ministros de finanças do G20 fará uma declaração sobre tributação global mencionando a taxação dos super-ricos.
Haddad considera que esse é um “ponto de partida” para dar continuidade à discussão da cobrança de imposto sobre as grandes fortunas. Ele destacou que a inclusão do tema na agenda global é uma “conquista do ponto de vista ético”.
Haddad participou da 3ª reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20, no Rio. O grupo reúne as 19 maiores economias do mundo, além dos blocos da União Europeia e da União Africana.
O grupo sobre cooperação tributária do G20 divulgará o texto final do encontro nesta sexta-feira (26). O ministro adiantou que constará no texto um reconhecimento de que é necessário aprofundar discussões sobre a taxação dos super-ricos.
"Ficamos extremamente satisfeitos com o apoio que foi recebido pelo Brasil. Obviamente que há preocupações e ressalvas. Há preferências por outras soluções, mas ao final todos concordamos que era necessário fazer constar essa proposta como uma proposta que merece a atenção devida", disse o ministro após o evento.
Proposta enfrenta resistência
A taxação dos super-ricos é uma pauta prioritária para a presidência brasileira do G20. O Brasil defende que os países coordenem a adoção de um imposto mínimo de 2%. A proposta enfrenta resistência de alguns países.
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, já afirmou que não vê necessidade de um pacto global e que cada governo deve tratar da questão internamente, informou a Agência Brasil.
Yellen e Haddad se reuniram nesta quarta (24) para discutir sobre a relação dos dois países com foco na transformação ecológica e na transição energética. O ministro disse que não tratou sobre a taxação dos super-ricos com a secretária.
Haddad diz que menção sobre taxação de super-ricos é "histórica"
Segundo Haddad, sem uma coordenação global, os países acabam se envolvendo em uma guerra fiscal. Ele avalia que a menção da proposta brasileira na declaração final é uma conquista diante do ceticismo gerado pelo tema.
"Obviamente que é preciso enfatizar que esses processos têm curso relativamente lento na agenda internacional... É uma conquista do ponto de vista ético. Os 20 países mais ricos do mundo terem concordado em se debruçar sobre um tema proposto pelo Brasil é algo de natureza ética que precisa ser valorizado", disse.
"Não é pouca coisa, mesmo que isso ainda vai exigir esforços intelectuais importantes para torná-la realidade", acrescentou Haddad. Durante seu pronunciamento no evento, Haddad disse que a declaração que estava sendo elaborada seria histórica.
"Graças à nossa vontade política coletiva, esse G20 será lembrado como ponto de partida de um novo diálogo global sobre justiça tributária. Tal progresso no debate foi alcançado por meio de troca de ideias de maneira franca e transparente", ressaltou.
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