O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, disse nesta terça (16) que não vê motivo para preocupações no mercado financeiro devido à alteração da meta fiscal para os próximos anos – e que fez, entre outros motivos, a cotação do dólar disparar e encerrar o dia a R$ 5,26 –. A meta para 2025 foi ajustada de um superávit de 0,5% do PIB para zero, enquanto para este ano permanece em zero e para 2026 caiu de 1% para 0,25%.
Haddad explicou que o ajuste foi feito com base no que foi apurado ao longo do ano passado para estabelecer uma trajetória alinhada com a estabilidade da dívida no médio prazo.
“O ajuste que foi feito para, à luz do aprendizado de mais de um ano, nós estabelecermos uma trajetória que está completamente em linha com o que se espera no médio prazo de estabilidade da dívida”, disse a jornalistas em Washington-DC, nos Estados Unidos, onde participa de uma série de eventos do mercado financeiro.
Sobre os efeitos dessa mudança no mercado, Haddad atribuiu parte da valorização do dólar em relação ao real às notícias desfavoráveis no exterior, como os conflitos no Oriente Médio. Ele também observou que a turbulência internacional não é incomum para o Brasil e que muitos dos movimentos no mercado podem ser explicados por fatores externos.
O ministro mencionou que, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o dólar atingiu R$ 6 e as taxas de juros futuras aumentaram significativamente, mas destacou que essas situações tendem a se normalizar com o tempo.
“É um momento tenso. O lado externo não está ajudando. O lado interno nós estamos corrigindo com diálogo no Executivo, no Legislativo. Já que a questão está mais delicada, vamos fazer neste momento um momento de repensar a estratégia e redefinir o papel de cada um para reestabilizar as expectativas”, pontuou.
Haddad afirmou que o governo está buscando equilibrar as contas fiscais por meio de negociações com o Congresso, mesmo em meio sobre as rusgas entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais.
Fernando Haddad afirmou, no entanto, que nunca teve problemas com o deputado e que ambos conversaram antes de sua viagem aos EUA. Ele reconheceu que nem todas as medidas propostas pelo governo são recebidas da mesma maneira pelo Congresso, mas expressou confiança na consistência das trajetórias econômicas.
Haddad destacou que, apesar de alguns contratempos, os fundamentos da economia brasileira estão melhores do que há um ano, tanto em termos de receita quanto de despesa. Quanto à taxa de juros, ele acredita que ainda há espaço para cortes, pois o ciclo de redução foi iniciado recentemente, embora ressalte que a definição cabe ao Banco Central.
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