Ministro da Fazenda diz que medida será “por obrigação”, mas aguarda solução do Congresso para compensar desoneração.| Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda
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O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou nesta quinta (22) que enviará o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2025 ao Congresso, na próxima semana já prevendo o aumento de impostos sobre a renda, como o Juro sobre Capital Próprio (JCP) e a Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL).

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O aumento dos dois tributos, diz Haddad, é necessário em princípio apenas para cumprir uma obrigação constitucional de indicar uma fonte de renda para compensar a desoneração da folha de pagamentos, enquanto o Congresso ainda discute as medidas que podem ser tomadas. Isso, afirma o ministro, ainda pode ser revisto depois.

“Nós discutimos JCP e CSLL, que são as medidas que nós consideramos as mais adequadas, caso a receita estimada pelo Senado não se realize. Nós vamos encaminhar junto ao PLOA por obrigação legal, porque a nossa compreensão é que talvez (o pacote de medidas já aprovadas no Senado) não performe”, disse a jornalistas no ministério.

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O projeto de lei que estabelece as medidas de compensação da desoneração segue em discussão e inclui opções como a repatriação de recursos no exterior, atualização do valor de bens imóveis no Imposto de Renda, negociação de multas de empresas a agências reguladoras, pente-fino de benefícios sociais, uso de depósitos judiciais e extrajudiciais, uso de recursos esquecidos e monitoramento de benefícios fiscais.

Já o aumento do JCP e da CSLL, embora citado por Haddad para o PLOA 2025, enfrenta resistência no Congresso e fez o relator da proposta, o senador Jaques Wagner (PT-BA), recuar da taxação.

Haddad ressaltou que o combinado com o Senado é que, se as medidas anunciadas não forem suficientes, a lei orçamentária terá de prever as medidas compensatórias da desoneração para os anos seguintes. “Isso vai ser encaminhado como projeto de lei, podem vir a não ser aprovadas se as projeções do Senado forem confirmadas”, completou.

A desoneração da folha de pagamentos, após muitas idas e vindas com atrito entre o Palácio do Planalto e o Legislativo, está mantida até o final deste ano e teve aprovada nesta semana pelo Senado a reoneração gradual a partir de 2025, diminuindo a pressão sobre o Orçamento nos próximos anos. No entanto, a proposta ainda precisa passar pela Câmara para entrar em vigor.

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Por outro lado, o ministro Fernando Haddad afirmou que as contas de 2024 podem estar no caminho para serem resolvidas e desbloquearem parte do contingenciamento de R$ 3,8 bilhões.

“A questão de 2024 parece que está bem endereçada. Isso dá alívio ao governo. Não do ponto de vista do bloqueio. Mas pode desbloquear contingenciamento sim”, apontou. A Receita Federal, no entanto, calcula que a desoneração vai custar R$ 26 bilhões ainda neste ano.

O ministro ainda negou que as mudanças no JCP e na CSLL sejam o início da segunda etapa da reforma tributária, voltada à renda. Esta deve ser concluída em até 60 dias e enviada ao Congresso ainda neste ano.

“Não temos a intenção de usar a reforma da renda pra fechar o Orçamento. Qualquer acréscimo de imposto sobre renda, vai ser compensado com imposto sobre consumo. O objetivo é de que a reforma seja neutra”, completou.

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