Os irmãos Rodrigo e Michel Terpins, herdeiros das Lojas Marisa, foram penalizados em quase US$ 5 milhões por se beneficiar de informação privilegiada antes do anúncio da venda da fabricante de ketchup Heinz para o bilionário Warren Buffett e o fundo 3G Capital, do brasileiro Jorge Paulo Lemann.
Os dois irmãos lucraram US$ 1,8 milhão com ações da Heinz, adquirida por US$ 23 bilhões em fevereiro.
Filhos de Denise Goldfarb Terpins, filha do fundador da Marisa, Bernardo Goldfarb, os Terpins começaram a ser investigados no dia seguinte à compra da Heinz.Na época, a SEC, órgão regulador do mercado acionário americano, entrou com uma ação para congelar os ativos de um fundo dos Terpins na Suiça.
No acordo para encerrar o caso, oficializado ontem em uma corte federal de Nova York, a SEC diz que Rodrigo Terpins estava de férias na Disney, em Orlando, quando fez a ordem de compra das ações. A transação se baseou em informações confidenciais recebidas do irmão.
De acordo com o processo, por meio de uma conta nas Ilhas Cayman pertencente a uma empresa da família, a Alpine Swift, Rodrigo adquiriu quase US$ 90 mil em opções de ações da Heinz na véspera do anúncio. Após o anúncio, eles lucraram 2.000%.
Por meio da assessoria de comunicação, as Lojas Marisa informaram que só comentam assuntos relacionados à sua operação.
Acordo
No acordo, os Terpins concordaram em devolver todo o lucro que tiveram com a operação e mais US$ 3 milhões em multas, mas não admitiram ou negaram as alegações. O acordo ainda precisa ser aprovado pela Justiça.
"Rodrigo e Michel Terpins obtiveram informação confidencial antes de qualquer conhecimento público de que a Heinz estava sendo negociada e eles exploraram isso para a desvantagem de todos os outros investidores do mercado", declarou em nota Sanjay Wadhwa, diretor de SEC em Nova York."Aqueles que usam contas estrangeiras para praticar atos de "insider trading" no mercado dos EUA devem saber que suas atividades podem ser rastreadas e que serão responsabilizados."
O momento, o tamanho e o lucro obtido nas transações dos Terpins, juntamente com uma falta de tradição em comprar ou vender ações da Heinz por parte da Alpine Swift, acenderam a luz amarela na SEC.
Burger King
Essa não foi a primeira aquisição do 3G em que há vazamento de informações. Dias antes do 3G comprar o Burger King, em setembro de 2010, por US$ 3,26 bilhões, o brasileiro Igor Cornelsen lucrou US$ 1,68 milhão comprando ações com base em informações privilegiadas.
Após ser investigado pela SEC, em novembro de 2012 Cornelsen pagou US$ 5,18 milhões para encerrar o caso.
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