A expansão do parque de geração e transmissão da Copel, sustentada por um bilionário programa de investimentos, não se dá sem sobressaltos. Embora a construção de parques eólicos ocorra dentro dos prazos, as duas hidrelétricas que a empresa está erguendo deveriam estar prontas há alguns anos – e gerando receitas. Parte das linhas de transmissão também tem atrasos.
Relatório de monitoramento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostra que a usina de Colíder (300 MW), no norte de Mato Grosso, deveria estar gerando energia desde dezembro de 2014, mas deve ficar pronta só em março de 2017. O projeto enfrentou questões ambientais, problemas trabalhistas – o canteiro de obras chegou a ser incendiado – e até dificuldades financeiras da fornecedora de turbinas.
A Copel pediu à Aneel o chamado “excludente de responsabilidade”, mas a agência reguladora considerou, no ano passado, que são justificáveis apenas 214 dias de atraso, dos 644 dias solicitados pela Copel. A Aneel tende a aplicar uma multa pelo atraso, mas o valor ainda não foi definido.
Enquanto a hidrelétrica de Colíder não fica pronta, a Copel honra os contratos de fornecimento atrelados a ela com a energia de outras usinas em funcionamento. Se não tivesse essa “sobra”, a companhia teria de cobrir a lacuna com energia comprada no mercado à vista.
“O fato de termos energia disponível para suprir esses contratos foi muito importante no ano passado, quando o PLD [preço da energia no mercado à vista] esteve muito alto”, diz Luiz Fernando Leone Vianna, presidente da Copel.
Na hidrelétrica de Baixo Iguaçu, no Sudoeste do Paraná, a perspectiva é de operação apenas em 2018, cinco anos após o prazo. O projeto – liderado pela Neoenergia, num consórcio em que a Copel tem 30% do capital – também enfrentou questionamentos de ordem ambiental, paralisações por ordem judicial e ainda uma cheia do Rio Iguaçu, que destruiu o canteiro de obras em meados de 2014.
As obras da usina foram retomadas recentemente. Uma vez que a Aneel aceitou revisar todo o cronograma, o andamento do projeto é considerado normal pela agência reguladora. Por isso, nem Neoenergia nem Copel devem ser penalizadas.
Transmissão
Na área de transmissão, o maior atraso é na linha Araraquara 2-Taubaté, em São Paulo, que vai escoar energia das hidrelétricas do Rio Madeira, em Rondônia. A Copel teve dificuldades para adquirir as terras por onde a linha vai passar e ainda busca a licença de instalação. A Aneel estima, em relatório de monitoramento, que o projeto ficará pronto em setembro, com quatro anos de atraso.
Outras duas linhas, entre Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, construídas em sociedade com a chinesa State Grid, deveriam estar operando desde janeiro de 2015, mas vão funcionar apenas neste mês, estima a Aneel.
Uma dessas linhas vai escoar para os grandes centros do país a energia produzida pela hidrelétrica de Teles Pires, na divisa entre Mato Grosso e Pará. Em março do ano passado, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, chegou a dizer que a concessão das linhas poderia ser cassada por causa dos atrasos, mas a ameaça não foi adiante. O consórcio responsável por Teles Pires entrou na Justiça para cobrar os prejuízos.
Dona de 49% do consórcio, a Copel decidiu, em agosto de 2015, colocar mais R$ 100 milhões nos dois empreendimentos para acelerar as obras, no que foi seguida pela State Grid.
Em paralelo, o conselho de administração da companhia paranaense ordenou que a diretoria analisasse os projetos para apurar eventuais prejuízos e “havendo prejuízos, apontar os motivos e, se pertinente, adotar medidas de ressarcimento junto aos mandatários que deram causa a esses prejuízos.”
O conselho também determinou a implantação de “controles adicionais, para um acompanhamento mais rigoroso do desempenho físico-financeiro da implantação do projeto”.
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