Grandes redes de supermercados miram cidades menores, com cerca de 130 mil habitantes ou um pouco mais e longe das capitais, para expandir a sua cadeia de lojas. A mudança é recente. Foi iniciada nos últimos dois anos e desencadeada pelo elevado custo de expansão nos grandes centros, combinado com o movimento de ascensão das classes com menor renda. Esses dois fatores tornaram os municípios menores mais atraentes como mercado de consumo.
"Cinco anos atrás, se você me perguntasse se eu iria para Paulínia (município do interior do Estado de São Paulo), eu diria que era uma cidade muito pequena. Hoje eu já estou lá", afirma o diretor vice-presidente de negócios do varejo do Grupo Pão de Açúcar, José Roberto Tambasco. Das 12 lojas com a bandeira Extra inauguradas pela companhia no ano passado, oito foram em cidades menores.
"Até 2010, as inaugurações do Walmart eram concentradas nas capitais e nas grandes cidades", diz o vice-presidente do Walmart Brasil, Rafael Vasquez. Já em 2012, cinco das oito lojas abertas foram em municípios com menos de 140 mil habitantes. Mais duas lojas da empresa em cidades pequenas estão com inauguração prevista para este semestre: uma em Sumaré e outra em Assis, ambas no interior do Estado de São Paulo.
Lá o consumo patina e as empresas tentam, de todas as formas, ampliar as vendas. Aqui, no entanto, é o custo elevado nos grandes centros, especialmente da compra de terrenos, que empurra as redes de supermercados para as cidades do interior do País. "O investimento na aquisição de um grande terreno na cidade de São Paulo, por exemplo, é mais que o dobro do que num município do interior do Estado", compara Vasquez.
Na análise de Reynaldo Saad, sócio líder da área de varejo da consultoria Delloite, o movimento de ida das grandes redes de supermercados para cidades menores é a segunda batalha da guerra pela hiperconcorrência. "Elas estão sentido o acirramento da competição nas capitais."
A escolha das cidades menores pelas grandes redes supermercadistas para abrir lojas é ditada pela a influência regional do município. "Às vezes a cidade não tem toda essa população, mas funciona como um centro de determinada região", explica Tambasco, do Grupo Pão de Açúcar.
Como exemplo, ele cita o município de Palmas, no Estado de Tocantins. Palmas é uma cidade com cerca de 200 mil habitantes. Quando o Grupo Pão de Açúcar decidiu abrir uma loja Extra lá, a empresa avaliou todos os municípios vizinhos, não apenas o potencial da cidade. "Hoje estamos em Palmas com o Extra. Mas tem Atacadão, Makro e as redes locais. Se somarmos a venda de todos, é o dobro do potencial de consumo da cidade", diz Tambasco. Isso é válido para outros municípios, como Campina Grande, a segunda cidade da Paraíba, depois da capital.
Vasquez, do Walmart, faz análise semelhante à do concorrente Pão de Açúcar. Quando a rede decidiu abrir uma loja em Passos, em Minas Gerais, que tem 107 mil habitantes e é a menor cidade onde a empresa está, o critério usado foi a área de influência. Isto é, o potencial de consumo dos 23 municípios num raio de 40 quilômetros de distância, que somam cerca de 300 mil pessoas. "Foi o critério mais importante para a escolha", disse.
Sem regra. Na análise de Tambasco, não existe uma regra de qual é o modelo de loja mais adequado para as grandes redes supermercadistas se estabelecerem em cidades menores. Em Palmas, por exemplo, ele conta que abriu um grande hipermercado. Já em Taubaté e Paulínia, a opção foi por um hipermercado compacto. Procurado, o Carrefour informou que não fala sobre a sua estratégia de expansão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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