A disparada dos preços dos alimentos virou mote de vendas para as grandes redes de supermercados neste início de ano. O estopim ocorreu nesta quarta-feira (5), quando o Walmart, terceira maior rede varejista do País do setor de supermercados, anunciou uma nova política comercial, com a redução de até 20% nas cotações de 2 mil itens, a maioria alimentos, por período indeterminado. No dia seguinte, a rede Extra, do Grupo Pão de Açúcar, líder do setor, anunciou num encarte de jornal cerca de 20 produtos, entre alimentos e itens de limpeza, com preços em promoção. Já a reação do Carrefour foi mais discreta. A rede se limitou a espalhar cartazes pelas lojas, reforçando que a empresa cobre qualquer oferta anunciada por concorrente.
"A inflação dos alimentos virou hoje uma oportunidade de venda para as grandes redes", afirmou o presidente do conselho do Programa de Administração de Varejo (Provar), Claudio Felisoni de Angelo. Ele compara a estratégia das empresas varejistas de reduzir preços promocionalmente à tática do "leve três e pague dois" ou de fixar preços terminados em 0,99 centavos para que o consumidor tenha a impressão de que está gastando menos.
A alta dos alimentos foi o grande fator de pressão da inflação no ano passado e fez com que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechasse 2010 em quase 6%, 1 ponto e meio acima do centro da meta (4,5%).
Martinho Paiva Moreira, diretor de Economia da Associação Paulista de Supermercados (Apas), explicou que os supermercados estão repassando para o consumidor neste início de ano a desaceleração nos preços de várias commodities no mercado internacional.
Já para o sócio da RC Consultores, Fabio Silveira, "trata-se de um ajuste sazonal e transitório nos preços dos alimentos". Na opinião do economista, a comida deve continuar pressionando o custo de vida do brasileiro nos próximos três meses. Ele fez esse prognóstico levando em conta que as cotações de commodities agrícolas importantes, como açúcar, soja, café, milho e trigo, estão subindo no mercado internacional e devem ter impactos nos preços domésticos em breve. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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