O BNDES foi fundado em 1952 em uma época em que o termo desenvolvimento ganhava corpo com o apoio dos Estados Unidos e de instituições multilaterais, como o Banco Mundial. O governo de Getulio Vargas criou o banco para que ele canalizasse recursos internacionais e impostos internos para o financiamento industrial. Era ali que os projetos que exigiam uso intenso de capital encontrariam linhas de longo prazo.
"Naquela época, o país tinha apenas uma indústria leve. A ideia do governo Vargas foi estimular a indústria de base, que produz insumos básicos e máquinas", conta a economista Leda Paulani, professora da FEA/USP. "O capital privado nacional não tinha capacidade de assumir essa tarefa." Os primeiros projetos do banco foram investimentos no sistema de transporte e nos setores de petróleo, siderurgia e energia.
Nas décadas de 60 e 70, a atuação do banco se expandiu. Ele entrou em dezenas de projetos de insumos básicos, como celulose e cimento, financiou parte dos grandes projetos dos planos de desenvolvimento do regime militar, como as hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí, e bancou vários projetos estatais, como o Proálcool e a Embraer. "Nenhuma grande empresa criada naquela época cresceu sem investimento do BNDES. O sistema financeiro ainda não era capaz de financiar no longo prazo", diz o economista Nilton Clóvis de Araújo, professor da PUC-RS.
Nos anos 80, a crise que culminou com a moratória do país em 1987 fez com que a atuação do banco se retraísse. No período, ele ficou conhecido como um "hospital de empresas", já que precisou assumir o controle de diversas companhias com problemas financeiros. Esta foi, aliás, a semente do processo de privatização que o BNDES conduziu nos anos 90. Isso porque as empresas em seu controle começaram a ser vendidas no fim da década de 80. A experiência e o caixa do banco foram usados para passar à iniciativa privada companhias como Usiminas, Vale e todo o setor de telecomunicações.
A lógica do trabalho do banco é a de que ele precisa estimular a abertura de empresas em setores estratégicos, a expansão de suas atividades e, mais tarde, a consolidação de conglomerados. A fabricante de celulose Aracruz é um exemplo. A empresa foi, desde o início, na década de 60, financiada pelo BNDES. Em 1975, o banco assumiu seu controle após fazer um aporte para sua expansão. Parte das ações foram vendidas em 1988 e até hoje ele tem influência no destino da firma, que teve como acionistas famílias tradicionais como Safra e Ermírio de Moraes. No fim do ano passado ele costurou a fusão da Aracruz com a VCP, do grupo Votorantim.
O ciclo de atuação do banco se completa com a internacionalização dos grupos, em um processo de consolidação global, como ocorreu com a Gerdau, que tem uma grande operação nos Estados Unidos, e o frigorífico JBS-Friboi, que comprou com ajuda do BNDES a americana Swift. (GO)
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Ataque de Israel em Beirute deixa ao menos 11 mortos; líder do Hezbollah era alvo
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast