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Artesanato

Homens obtêm renda fazendo crochê

Barbosa Ferraz – Uma atividade até pouco tempo exclusiva das mulheres, o crochê está conquistando os homens em Barbosa Ferraz (Centro-Oeste do estado). São cortadores de cana-de-açúcar, bóias-frias e agricultores que, para ajudar no orçamento doméstico, encontraram no crochê uma atividade rentável.

Com as mãos calejadas, que destoam na delicadeza da agulha e na maciez da linha, o funcionário público João Batista dos Santos, 36 anos, que trabalha como cortador de grama, conta ter conseguido comprar uma casa e uma moto com as economias do trabalho com crochê.

"Comecei a fazer crochê aos 18 anos e comprei tudo isso com a economia que fiz", conta. Santos lembra que começou na atividade por necessidade, incentivado pela mãe, e, depois, para ajudar a esposa. "Algumas vezes, ela tinha muito trabalho e, para ajudar, voltei a fazer crochê." Santos conta que dinheiro do crochê ainda é usado no pagamento das despesas domésticas. "As contas de luz, água e compras do mês também são pagas com esse dinheiro."

A partir do interesse pelo crochê, o município de 11,5 mil habitantes conseguiu recursos para montar uma associação de crocheteiros. A associação vende, a uma empresa do Rio Grande do Sul, cerca de 220 peças por mês. Recém-criado, o grupojé conta com cerca de 20 homens e 2 mil mulheres.

A qualidade dos trabalhos em barbante e linha de seda atraiu a atenção de lojas dos Estados Unidos. "Estamos mantendo contato com várias empresas americanas que tem interesse no crochê produzido em Barbosa Ferraz", conta a presidente da Associação das Crocheteiras, Marines Borelli.

Segundo ela, uma das metas é de produzir 1,6 mil peças mensais. "Mercado para esse produto existe." Somente na cidade, há três empresas de tecelagem, quatro fábricas de barbante, uma de linha polipropileno e cinco pontos de venda de crochê. Segundo Marines, a falta de grandes indústrias na cidade obriga o homem a procurar outras atividades. "É uma opção que ajuda no orçamento doméstico."

Wagner de Souza, 20 anos, aproveita as horas vagas entre o trabalho de montador de móveis e a faculdade para ajudar a família, formada por crocheteiras. "Toalhas de mesa, jogos de sala, quarto e cozinha são feitos rapidamente, basta ter paciência e gostar do que está fazendo", ensina Souza. Segundo ele, a atividade, além de render um dinheiro extra, é uma distração. "Nas horas que estou com a agulha na mão esqueço dos problemas. Isso faz bem."

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