Na corrida para desenvolver carros autônomos, a General Motors conquistou uma forte aliada. A Honda concordou em comprar uma participação de US$ 750 milhões em sua unidade de veículos autônomos, a GM Cruise Holdings, de acordo com as duas empresas. Além disso, a montadora japonesa vai contribuir com US$ 2 bilhões para o projeto ao longo dos próximos 12 anos.
A GM tem como objetivo desenvolver um veículo baseado no Chevrolet Bolt, elétrico, sem volante nem pedais, para ser usado em serviços de táxi e entregas. Com a tecnologia, a montadora espera desenvolver uma linha de negócios nova e lucrativa, além de produzir e vender carros e caminhões para os consumidores.
“Ter os recursos e a capacidade da Honda vai acelerar o processo”, disse o presidente de GM, Dan Ammann, em conferência telefônica.
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O investimento da Honda vai garantir à montadora uma participação de 5,7% na Cruise. “Esse é um voto de confiança na GM, na Cruise e no que estão fazendo”, disse Mike Ramsey, analista do Gartner.
A GM não quis dizer quando espera lançar o carro autônomo, mas em janeiro a empresa pediu permissão ao governo federal para fazê-lo em um serviço de carona compartilhada no ano que vem.
A Waymo, da Alphabet, holding do Google, está trabalhando na mesma direção, assim como a Ford Motor e o Uber.
A Honda saiu em busca de outras parcerias — em 2016 houve negociações com a Waymo — antes de se comprometer com a GM e a Cruise.
“A Honda teria muito trabalho para desenvolver seu próprio produto, então preferiu se aproveitar do relacionamento que já tinha com a GM”, disse Ramsey.
As montadoras também estão trabalhando na tecnologia de veículos autônomos que pode ser adicionada aos carros que os consumidores compram, para dar aos motoristas a opção de não precisar dirigir até seu destino. Porém, muitos acreditam que esse tipo de tecnologia vai levar mais tempo para chegar ao mercado.
A GM adquiriu a Cruise, então chamada Cruise Automation, em 2016, por US$ 1 bilhão em dinheiro, ações e compensação de incentivo. Desde então, já investiu em outras propriedades: um ano atrás, comprou a Strobe, empresa especializada em tecnologia de imagem a laser, e anexou-a à Cruise.
Em vez de trabalhar sozinha, a GM reuniu parceiros para ajudar a financiar o projeto, na esperança de acelerar o desenvolvimento. No início deste ano, a Softbank, empresa japonesa de investimento e tecnologia, investiu US$ 2,25 bilhões na Cruise. Como parte desse negócio, a GM disse que colocaria um adicional de US$ 1,1 bilhão de seu próprio dinheiro na unidade, com sede em San Francisco. O investimento do Softbank foi feito através de seu Vision Fund, que se concentra no setor tecnológico.
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Além do dinheiro, a Honda fornecerá experiência de fabricação e engenharia de veículos compactos, onde o espaço é importante.
“Com o apoio da General Motors, do Softbank e da Honda, a Cruise tem muitos recursos para realizar a nossa missão de levar a tecnologia autônoma com segurança para todo o mundo. Queremos ser capazes de produzir esse carro em larga escala quando estivermos prontos para colocá-lo em uso”, disse Kyle Vogt, executivo-chefe da GM Cruise Holdings.
A GM e a Honda permanecem concorrentes no setor de carros, SUVs e caminhões leves, mas têm se aproximado nos últimos anos. Em 2017, começaram a trabalhar juntas em uma fábrica em Michigan para produzir tecnologia para veículos movidos por células de combustível de hidrogênio. As duas também cooperam na tecnologia de bateria.
Aposta nos autônomos
A GM, a Waymo e outras montadoras estão apostando que os serviços de carros autônomos vão se consolidar rapidamente, assim que conseguirem produzir veículos que possam operar apenas com a orientação de sensores, software e chips de computador.
A Waymo tem planos de comprar até 20 mil veículos elétricos compactos da Jaguar Land Rover a partir de 2019. Concordou também em adquirir até 62 mil minivans Pacifica da Fiat Chrysler, garantindo potencial para uma frota de mais de 80 mil veículos autônomos dentro de três ou quatro anos. A Waymo já está operando uma frota de testes desses táxis no Arizona.
Por ora, GM e Waymo parecem estar à frente da maioria dos concorrentes. Em setembro, a Toyota concordou em investir US$ 500 milhões no Uber para ajudá-lo a produzir veículos autônomos. Seu trabalho passou por dificuldades este ano, quando um veículo de teste atingiu e matou uma pedestre em Tempe, Arizona.
A Ford está testando um pequeno número desses carros em frotas de entrega, e espera produzi-los até 2021.
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