Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Finanças pessoais

Hora é boa para pagar contas e trocar dívidas caras

“Para quem está com dívidas do cheque especial, a dica é fazer um empréstimo consignado ou pessoal. A hora é boa para pagar contas. Mas o refinanciamento da dívida de nada vai adiantar caso o consumidor pegue um pouco mais para gastar.” José Guilherme Vieira, professor de finanças da Universidade Federal do Paraná (UFPR) | Hugo Arada/Gazeta do Povo
“Para quem está com dívidas do cheque especial, a dica é fazer um empréstimo consignado ou pessoal. A hora é boa para pagar contas. Mas o refinanciamento da dívida de nada vai adiantar caso o consumidor pegue um pouco mais para gastar.” José Guilherme Vieira, professor de finanças da Universidade Federal do Paraná (UFPR) (Foto: Hugo Arada/Gazeta do Povo)

1 de 3

Veja os indicadores das taxas médias |

2 de 3

Veja os indicadores das taxas médias

Veja um exemplo de quanto um consumidor paga a mais nas modalidades de crédito |

3 de 3

Veja um exemplo de quanto um consumidor paga a mais nas modalidades de crédito

A alta dos juros e dos índices de inflação nos últimos meses criou um cenário ruim para quem pretende fazer compras à prazo. Para quem já está com a "corda no pescoço", no entanto, este é o momento para trocar dívidas com taxas mais altas por outras mais baixas, antes que os juros subam ainda mais. A recomendação, válida para o ano todo, ganha força com a perspectiva de que o Banco Central deve manter o aperto na economia nos próximos meses.

Especialistas explicam que, diante de um panorama ainda incerto sobre o comportamento da inflação até o fim deste ano, seria possível prever que as taxas de empréstimos pagas pelos consumidores devam ficar mais altas até dezembro. De janeiro do ano passado para cá, os juros do cheque especial, do empréstimo pessoal e do consignado vêm apresentando tendência de alta. A alta aconteceu no mesmo período em que houve a elevação da taxa básica de juros, a Selic, que também de um aumento do esforço do Banco Central para conter a escalada da inflação. Outro fator que influencia diretamente a taxa de juros cobrada pelos bancos é a inadimplência: conforme ela cresce, a taxa sobe também – ela já está mais alta do que no fim do ano passado.

Soma-se a isso, dizem os economistas, a possibilidade de haver outros apertos da política monetária pela frente. Além de elevar a taxa básica de juros – atualmente em 12% ao ano –, o Banco Central pode aumentar o compulsório (dinheiro que os bancos devem repassar para o BC) para diminuir a oferta de crédito. Com o aumento já feito, o BC calcula que retirou cerca de R$ 61 bilhões de circulação. E a medida teve efeito imediato na oferta de crédito: houve uma redução de 21% nos empréstimos contratados em dezembro, comparado a novembro. Em janeiro, segundo o BC, a queda foi ainda mais acentuada, com 76,63% a menos no volume de contratações.

Medidas

Além disso, o governo tem outras opções, como trabalhar com as medidas macroprudenciais. Um exemplo seria aumentar tributos, como já fez com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) – elevado tanto para as compras feitas no exterior quanto na concessão de crédito para pessoas físicas. Outro tributo que pode ser aumentado, segundo os especialistas, é o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O governo tem a opção, ainda, de restringir a quantidade de parcelas no pagamento de compras feitas no varejo, por exemplo. "O mecanismo principal de controle da inflação são os juros. Mas o Banco Central pode ampliar os compulsórios, como em um ‘efeito esponja’, para reduzir o dinheiro disponível para os bancos emprestarem", explica o professor de Eco­­nomia da Escola de Negó­cios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC PR), Carlos Magno Bittencourt. "Além disso, o governo pode aplicar outros instrumentos da política monetária, como ajustes de tributos, por exemplo, o que elevaria o preço do produto final."

Hora de pagar as contas

O professor de finanças pessoais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) José Guilherme Vieira fez os cálculos de um empréstimo de R$ 5 mil para serem pagos em 12 parcelas, nas diversas modalidades de crédito (veja a simulação acima). No cheque especial, o consumidor paga até quatro vezes mais caro do que no crédito consignado, no fim dos doze meses. "Para quem está com dívidas do cheque especial, a dica é fazer um empréstimo consignado ou pessoal. A hora é boa para pagar contas. Mas o refinanciamento da dívida de nada vai adiantar caso o consumidor pegue um pouco mais para gastar", alerta Vieira.

De acordo com os economistas, a taxa do consignado é mais barata porque o banco tem mais segurança ao realizar o empréstimo, já que pode fazer o desconto direto na folha de pagamento. O empréstimo pessoal é um pouco mais barato que o cheque especial porque os consumidores têm como pesquisar mais, por não haver urgência na tomada de crédito. Por essa razão, a concorrência entre os bancos em oferecer este crédito aumenta e com isso, as taxas ficam mais atraentes para o consumidor, que não precisa necessariamente ser cliente da instituição para tomar o empréstimo.

O cheque especial, no entanto, é muito mais alto porque é um crédito de emergência, que o consumidor toma na hora do aperto por não ter tempo para pesquisar outras taxas. "Os bancos cobram taxas altas porque não têm concorrentes neste segmento, pois o empréstimo está pré-aprovado. A instituição não tem medo de perder o cliente nesta situação", ressalta o professor da UFPR. De acordo com o BC, a taxa média do cheque especial em março era de 174,62% ao ano, a do empréstimo pessoal era de 47,28% a.a. e a do consignado era de 28,1% a.a.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.