Embora o tomate tenha sido o centro das atenções no mês passado, chegando a custar mais de R$ 6 o quilo em alguns supermercados, o preço do fruto não foi o único que subiu. Considerando uma cesta de dez hortaliças (alface, batata, beterraba, cebola, cenoura, chuchu, couve-flor, pimentão, repolho e tomate), houve reajuste de 85% em um ano no Paraná.
É o que mostra uma comparação com base no histórico de preços ao consumidor mantido pela Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Aumento
Em abril de 2012, um quilo de cada produto e um pé de alface custavam R$ 17,49. Hoje, a mesma compra sai por R$ 32,34. O cálculo considera a variação desde abril de 2012 (veja os detalhes no gráfico).
O cultivo de hortaliças na região de Curitiba corresponde a cerca de um terço da produção do Paraná e, mesmo assim, o consumidor tem encontrado produtos cada vez mais caros nos supermercados.
Os alimentos que apresentaram os maiores aumentos foram a beterraba e o repolho: estão custando 171% e 154% mais que um ano atrás, respectivamente.
Alimentos como a batata, a cebola e o pimentão dobraram de preço em comparação a abril de 2012. O quilo da couve-flor e do chuchu e a unidade da alface foram os que menos sofreram aumento, variando entre 5 e 31%.
O clima atípico do último ano elevou os preços, de acordo com o diretor das Centrais de Abastecimento (Ceasa) em Curitiba, Valério Borba. "Para a olericultura, muita chuva aliada a muito calor é bastante prejudicial e afeta a produtividade. Quando há escassez de produtos no mercado, o preço aumenta", detalha.
Foi o que aconteceu com o tomate no mês passado. Nas últimas semanas, a oferta teria sido renovada. "Iniciamos a safra do tomate há duas semanas no estado, o que já se reflete nos preços", afirma Borba.
Segundo ele, alguns produtos ainda devem continuar com o preço elevado é o caso da cebola, que está no período de entressafra.
Reflexos
Cenário ajuda orgânicos a serem mais competitivos
Com as altas nos preços das hortaliças convencionais, o produto orgânico cultivado de forma artesanal, sem agrotóxicos ou fertilizantes químicos se torna mais competitivo. Apesar da mão de obra ser mais cara, os produtos estão mais acessíveis, sustenta a produtora Elizabeth Borgo.
"Quinze anos atrás, os orgânicos custavam muito mais. Hoje, o preço de alguns produtos, como a alface orgânica, equivale aos dos convencionais", comenta. Outros produtos sem agrotóxicos que podem ser comprados nas feiras livres por valores praticamentes iguais aos dos convencionais são a couve-flor, o brócolis e a cebola.
Produtos como o tomate ainda são pouco plantados pelos produtores de orgânicos e ainda têm diferença expressiva de preços. O tomate convencional pode ser encontrado por R$ 3,60 o quilo. O orgânico chega a custar R$ 9,90 o quilo.
Os produtores familiares que não usam defensivos tóxicos nos canteiros dizem que seu rendimento é menor em razão da sensibilidade dos tomateiros ao clima. São necessários 40 dias para a cultura completar seu ciclo.
Alcance
Sacolões da família também foram afetados por alta nos preços
Os Sacolões da Família projeto da Prefeitura de Curitiba que oferece frutas e hortaliças a preços mais acessíveis para a população também ajustaram preços devido ao aumento generalizado nos valores das hortaliças. O preço único de R$ 1,39, que havia sido elevado em janeiro depois de três anos sem reajuste, passou, em abril, para R$ 1,59, com aumento de 12,5%.
De acordo com Cícero Souza, da gerência de Feiras Livres e Sacolões da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (SMAB), o aumento foi autorizado depois de um pedido feito pelos permissionários dos sacolões. "Com os grandes aumentos dos alimentos no atacado, os administradores buscaram um aumento no valor máximo que podem cobrar. Depois de uma pesquisa realizada pelos técnicos da secretaria, viu-se a necessidade desse aumento", afirma.
Para administrar o Sacolão, os permissionários devem manter uma lista mínima de opções ao consumidor. Boa parte dos produtos dessa lista que inclui batata, cebola, cenoura e beterraba teve reajustes nos preços dos fornecedores nos últimos meses.
Para Susan Selivan, que administra os sacolões dos bairros Uberaba e Boqueirão, manter os preços estipulados pela prefeitura é sempre um desafio, mas conseguir manter a pauta mínima de produtos em períodos de alta nos preços se tornou "complicado". "Em épocas de alta nas hortaliças, é difícil encontrar os produtos para manter a pauta mínima. Muitas vezes não encontramos nem na Ceasa", afirma.