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Hospitais retomam investimentos

Lubascher, diretor do futuro hospital Marcelino Champagnat, que vai receber R$ 50 milhões em investimentos: “Há uma demanda crescente na saúde privada." | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
Lubascher, diretor do futuro hospital Marcelino Champagnat, que vai receber R$ 50 milhões em investimentos: “Há uma demanda crescente na saúde privada." (Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo)

O mercado hospitalar de Curitiba volta a ser alvo de investimentos depois de um período de entressafra. Entre novas unidades, ampliações e reformas, os principais grupos privados e filantrópicos com operação na cidade projetam investimentos de pelo menos R$ 136 milhões até o fim do próximo ano. Eles se concentram em áreas como pronto-socorros, cardiologia, neurologia, oncologia e ortopedia. O crescimento da economia, o envelhecimento da população – que propicia maior incidência de doenças – e o aumento no número de clientes de planos de saúde – impulsionado pelo emprego e pela renda – estão fazendo com que grandes grupos do setor resolvam tirar da gaveta seus projetos de expansão.

Boa parte dos investimentos tem como objetivo atender a demanda crescente da saúde suplementar. Em cinco anos, cerca de 10 milhões de brasileiros passaram a ter plano de saúde em todo o país. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), hoje já são 44 milhões. Somente na região de Curitiba o número cresceu 20% no período e alcançou 1,171 milhão de beneficiários.

"Além disso, os novos processos de acreditação dos planos de saúde estão forçando investimentos em melhoria tecnológica e treinamento de pessoal por parte dos hospitais", diz o vice-presidente da Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), Luiz Rodrigo Milano.

A Aliança Saúde, ligada à PUCPR/Santa Casa, está à frente do maior investimento do setor no momento, com a construção do Hospital Marcelino Champagnat, que deve ficar pronto em 2011 e absorver R$ 50 milhões. "Há uma demanda crescente na saúde privada. Ao mesmo tempo, a estabilidade do câmbio nos atuais patamares permite a importação de tecnologia a custos compatíveis com o in­­vestimento" afirma Claudio Lu­­bascher, diretor do hospital.

A Fundação de Estudos das Doenças do Fígado (Funef), que administra o Hospital São Vicente, adquiriu em abril o Hospital Santa Izabel, na Cidade Industrial de Curitiba. Segundo Marcial Carlos Ribeiro, diretor da Funef, deverão ser investidos cerca de R$ 35 milhões na ampliação do Santa Izabel nos próximos dois anos. Até lá, o número de leitos do hospital, voltado para o SUS, deve passar de 45 para 190. "Dentro de seis meses vamos colocar em operação uma nova unidade de diagnósticos e, em 12 meses, uma de oncologia", diz. Um dos andares também vai se transformar em um hospital-hotel para idosos.

Com previsão de crescer 25% em 2010, o Hospital Santa Cruz programa investimentos de R$ 6 milhões para 2010 em estrutura, equipamentos, capacitação e implantação de novas áreas de atendimento. Outros R$ 16 milhões serão aplicados em 2011, na construção de mais dois prédios. O primeiro abrigará mais 30 novos consultórios. O segundo, que terá quatro pavimentos, terá um andar exclusivo para radioterapia, o novo centro de diagnóstico de imagens e um novo centro cirúrgico, com 12 salas para as áreas de ortopedia, neurologia e cirurgia geral. "O mercado está crescendo exponencialmente no Brasil, o que ocorre de forma muito tímida em Curitiba. Isso representa uma grande oportunidade de crescimento, inclusive por meio de aquisições de unidades", afirma Alexandre Oliveira Franco, diretor do hospital, que deve criar 110 novos empregos em 2011. Com faturamento previsto de R$ 100 milhões para 2010, o Santa Cruz também tem um projeto de construção de uma nova torre, de 13 mil metros quadrados, que deve ficar pronta em dois anos.

Depois de um período de crise entre 2004 e 2005, que culminou com o fechamento de leitos e a migração para a saúde suplementar, o Hospital Nossa Senhora das Graças iniciou um processo de retomada de investimentos. Em 2010, serão R$ 5,5 milhões, principalmente na área de UTI, no centro cirúrgico e na nova ala de transplantes de medula óssea para pacientes que não são parentes, de acordo com Luiz Eduardo Blanski, diretor executivo do grupo.

Consolidação

O grupo Vita, por sua vez, está investindo cerca de R$ 6 milhões nos dois hospitais que opera no estado – o Vita Batel e o Vita Curitiba. O dinheiro está sendo aplicado para melhorar a infraestrutura de atendimento, na área de tecnologia da informação e no projeto do novo pronto socorro infantil da unidade Curitiba.

Segundo José Octavio Leme, diretor regional, o Vita deve crescer 10% em 2010 e vem estudando a construção e a aquisição de hospitais no país, com foco nos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Para ele, o mercado de hospitais deve experimentar um período de consolidação, a exemplo do que ocorreu com o setor de planos de saúde. "Grandes grupos hospitalares vêm firmando parcerias com fundos financeiros para aquisições no mercado e essa parece ser uma tendência para os próximos anos", acrescenta.

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