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Copa 2014

Hotéis planejam apenas retoques

 | Daniel Derevecki/ Gazeta do Povo
(Foto: Daniel Derevecki/ Gazeta do Povo)

A pouco mais de quatro anos do pontapé inicial, a Copa do Mundo de 2014 parece já estar ganha, ao menos para os hotéis de Curitiba. Administradores de alguns dos principais grupos hoteleiros da cidade afirmam em coro que a atual oferta de leitos é mais que suficiente para atender às recomendações da Fifa – e que, por isso, não será preciso construir novos hotéis para hospedar torcedores, jornalistas e a equipe de apoio do Mundial que se instalará na capital paranaense. A prioridade, dizem executivos do setor, será reformar estabelecimentos mais antigos e treinar funcionários para receber os hóspedes da Copa.

A situação de Curitiba não chega a ser incomum. Das doze cidades brasileiras escolhidas para abrigar jogos da Copa, apenas duas terão em 2014 menos leitos que o exigido pela Fifa, segundo projeções do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb). A federação de futebol recomenda que a soma dos leitos disponíveis na cidade-sede e num raio de 150 quilômetros dela seja equivalente a 30% da capacidade máxima do estádio local, índice que apenas Cuiabá e Manaus não conseguirão atingir, conforme estimativa do Fohb.

Em Curitiba, o projeto de conclusão da Arena da Baixada prevê lotação de pouco mais de 41 mil espectadores, o que aponta para a necessidade de aproximadamente 12,4 mil leitos. Hoje, capital e cidades próximas dispõem de cerca de 18 mil, distribuídos em 12 mil apartamentos. "Nesse quesito, se a Copa fosse hoje, já estaríamos prontos", diz Sueli Gulin Calabrese, presidente do Curitiba Convention and Visitors Bureau (CCVB).

Ainda no início de 2009, 13 mil leitos foram indicados à Fifa, pela organização local, para receber torcedores e profissionais durante o torneio. "Dos 88 apartamentos de nosso hotel, 80% estão pré-bloqueados para os 30 dias do Mundial, reservados para a agência oficial de turismo da Fifa. Eles podem ser totalmente ocupados ou não, dependendo do interesse que despertarem as seleções que vierem jogar aqui", conta Paulo Ventura, gerente geral do Crowne Plaza. "Nossa estratégia, agora, é atrair os empreiteiros e profissionais que virão de outros estados trabalharão nas obras ‘pré-Copa’, as pessoas que deixarão a cidade pronta para o torneio."

Controvérsia

Em janeiro, a Associação Comercial do Paraná (ACP) divulgou previsão de que a Copa do Mundo estimulará a abertura de aproximadamente cem bares e restaurantes e de dois mil leitos de hospedagem até 2014, com geração de 46 mil empregos nos setores hoteleiro, gastronômico e comercial. Mas não é fácil encontrar quem concorde com tal expansão na oferta de leitos, ao menos na rede hoteleira.

"Não faremos investimentos em ampliação apenas em razão da Copa do Mundo", avisa Cícero Vilela, diretor de marketing e vendas da rede Deville, que tem três hotéis em Curitiba. "E acredito que nenhum investidor racional fará." A opinião da rede Slaviero – a maior da cidade, com oito hotéis sob sua administração – é semelhante. "Entendemos que a oferta hoteleira está de tamanho adequado. Vemos a Copa como um evento importante, mas não como um divisor de águas", diz o diretor de marketing e vendas do grupo, Gustavo Syllos.

Excesso de oferta

Quando divulgou o levantamento, o Fohb disse temer uma eventual onda de investimentos com vistas à Copa, que poderia causar excesso de oferta em cidades que já convivem com baixas taxas de ocupação. Embora tais taxas tenham melhorado em Curitiba nos últimos anos, ainda são motivo de queixas entre os operadores hoteleiros, em especial porque limitam aumentos nos valores das diárias – na capital paranaense, elas costumam ser bem mais baixas que em outras grandes cidades do país. O dado mais recente do Fohb, de outubro de 2009, indica uma diária média de R$ 133,86 na cidade. Valor 21% inferior ao da média nacional (R$ 169,05) e que, num conjunto de onze cidades, supera apenas os de Fortaleza (R$ 129,34) e Guarulhos (R$ 129,44).

"Nossa preocupação é que a Copa provoque um excesso de oferta, que, depois do evento, aumentará a ociosidade dos leitos, com efeito negativo sobre o valor da diária", diz Alberto Asseis, superintendente comercial da rede Mabu, que em Curitiba tem 230 apartamentos de alto padrão. "Nesse segmento, concorremos com 3 mil unidades. Nossa taxa de ocupação é de 55%, conquistada com trabalho árduo.O ideal seria algo entre 60% e 65%."

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