Após várias semanas de grandes demissões nos setores metal-mecânico e de siderurgia, ontem foi a vez de os bancos anunciarem cortes de pessoal. O HSBC dispensou cerca de 100 funcionários em Curitiba e o Santander mandou 400 trabalhadores embora, principalmente nos centros administrativos do grupo, em São Paulo.
O banco britânico, cuja sede no Brasil fica na capital parananense, divulgou uma nota dizendo que "está realizando alguns desligamentos para adequar seus negócios ao nível de atividade econômica neste início de ano". O secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, Carlos Alberto Kanak, conta que os cortes ocorreram nos centros administrativos dos bairros Xaxim e Guaíra (na avenida Kennedy). Segundo ele, o encerramento das atividades de dois setores resultaria em 180 demissões, mas até a tarde de ontem não era possível saber o número exato de dispensas. Na nota, o HSBC, afirma que os trabalhadores demitidos são "menos de 100".
Kanak diz que o banco não justificou a decisão para o sindicato. "A razão que está sendo apresentada para os demitidos é que no momento trata-se de um corte de despesas. Alguns gestores alegam que isso é reflexo da crise", afirma. De acordo com o dirigente sindical, somadas às cerca de 300 demissões promovidas no ano passado, o HSBC já teria cortado 400 funcionários desde 2008 em Curitiba e região. "O HSBC vem num processo de redução de trabalhadores", afirma Kanak.
Santander
Cinco meses após o início da fusão das operações com o Banco Real, o Santander anunciou a demissão de cerca de 400 funcionários do grupo. Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, as dispensas são nos centros administrativos do Santander e do Real. De acordo com o banco, as demissões não têm relação com a crise, mas são resultado da incorporação feita pelo grupo espanhol.
Em outubro de 2008, o Santander anunciou seu plano estratégico para 2008-2010, quando o presidente mundial, Emílio Botin, afirmou que a integração Santander-Real não era uma reestruturação, mas um projeto de crescimento, com a ampliação do número de agências em 400.
Bancários protestaram ontem contra o corte na Avenida Paulista (região central de São Paulo), em frente a uma agência do Banco Real. Além de faixas, os manifestantes levaram ao ato uma galinha, para representar o que chamaram de "a galinha dos ovos de ouro", expressão usada pelo Santander por ocasião da compra do Real.
Segundo a diretora do sindicato e funcionária do Santander, Rita Berlofa, a situação é "inadmissível". "O banco está em excelente situação no Brasil e no mundo, anuncia sinergias de integração que devem atingir R$ 2,7 bilhões. Ou seja, para os banqueiros, brasileiros ou espanhóis, a fusão trará ganhos, mas para os bancários, pais e mães de família, sobra a tragédia do desemprego", diz Rita.
Na segunda-feira, o sindicato fará uma plenária com trabalhadores para falar sobre as demissões e mobilizar os bancários para protestar contra as dispensas. "Algum executivo está descumprindo o que nos falou o presidente mundial do Santander, Emilio Botin", disse a diretora-executiva do sindicato, Rita Berlofa.