O HSBC vai transferir para o Brasil a sede das operações na América Latina, hoje localizada no México. O comando do banco no continente passa para São Paulo em fevereiro, com a chegada do novo executivo-chefe da região, o argentino Antonio Lozada, atualmente presidente do braço argentino da instituição. Lozada vai substituir o paulistano Emilson Alonso, que ocupa o cargo desde 2008.
A informação contraria boatos, que correm no mercado há pelo menos um mês, de que o banco estaria prestes a se desfazer das operações de varejo de pessoa física no Brasil. "Isso não faz sentido. O Brasil é muito importante para o grupo", observa Alonso. O país responde por mais da metade dos lucros obtidos na América Latina no ano passado e essa é a principal razão também para a transferência das operações para a capital paulista. Lozada, o sucessor de Alonso, conhece bem a operação de varejo brasileira. Ele a dirigiu no período em que trabalhou em Curitiba, em 2001.
O que não impede a instituição de rever suas estratégias locais. Nos últimos meses, o HSBC se retirou do mercado massivo de empréstimos consignados e deixou de oferecer financiamento de automóveis por meio de dealers intermediários, em especial nas concessionárias. O financiamento de carros está disponível, via agência, para os correntistas. E o consignado está limitado a instituições com as quais o banco mantém relacionamento, como prefeituras ou empresas que concentram sua folha de pagamento no HSBC.
Um movimento semelhante vem ocorrendo globalmente. Nos últimos seis meses, desde a posse de Stuart Gulliver como CEO global do banco, o HSBC retirou-se de vários negócios que não tinham representatividade, com o objetivo de fazer um corte de custos da ordem de US$ 3,5 bilhões. Entre eles estão o mercado de cartões de crédito para baixa renda e as hipotecas nos Estados Unidos e o varejo bancário na Rússia e na Polônia.
No Brasil, há especulações sobre o rumo dos negócios do HSBC. Um deles diz que a financeira Losango, que o banco inglês adquiriu em 2003, também poderia ser vendida. Ao tratar do assunto, Alonso não é tão taxativo. "Não há decisão sobre esse tema", diz. "A Losango faz parte da nossa avaliação. É uma empresa que está funcionando bem e nos deu uma boa alavancada no passado", afirma. Ele se refere ao período que se seguiu à compra da financeira. "Em 2003, os resultados do banco não eram tão bons. A partir do momento que compramos a Losango o desempenho melhorou."