"A operação é boa e o grupo não quer vender"
Na América Latina, o HSBC vendeu a operação de varejo no Chile ao Itaú. Executivos do banco inglês atribuem a esse fato os boatos de que a carteira de pessoa física do Brasil também estaria à venda. "Não tem nada a ver", diz Alonso. "A operação do Chile tinha quatro agências, 5 mil clientes e ativos de US$ 20 milhões. Quase nada." O HSBC Brasil tem 867 agências, 400 postos de atendimento, 5,5 milhões de clientes pessoa física e ativos de R$ 116 bilhões.
Segundo Alonso, a rede de agências é essencial para a estrutura do banco. É ela quem dá capilaridade aos negócios com empresas, que são a principal vocação do HSBC. "Ela viabiliza o atendimento aos grandes clientes pessoa física e também o acesso às pequenas e médias empresas. Permite fazer cobrança. É o canal para afiliação de cartões de crédito, uma área importante para o banco. É a rede que torna possível o relacionamento com as empresas, e os empregados dessas empresas são o nosso principal cliente de varejo. É tudo complementar", diz.
Alonso observa que a operação brasileira é boa e que, caso o banco quisesse vendê-la, não faltariam interessados. "Mas eles conhecem a nossa política, sabem que o grupo não quer vender. E quando eles se aproximam demais, nós perguntamos: quer vender?" Com ativos de US$ 2,4 trilhões mais do que o PIB brasileiro e lucro anual de US$ 7 bilhões, o HSBC tem capacidade para ir às compras.
O HSBC vai transferir para o Brasil a sede das operações na América Latina, hoje localizada no México. O comando do banco no continente passa para São Paulo em fevereiro, com a chegada do novo executivo-chefe da região, o argentino Antonio Lozada, atualmente presidente do braço argentino da instituição. Lozada vai substituir o paulistano Emilson Alonso, que ocupa o cargo desde 2008.
A informação contraria boatos, que correm no mercado há pelo menos um mês, de que o banco estaria prestes a se desfazer das operações de varejo de pessoa física no Brasil. "Isso não faz sentido. O Brasil é muito importante para o grupo", observa Alonso. O país responde por mais da metade dos lucros obtidos na América Latina no ano passado e essa é a principal razão também para a transferência das operações para a capital paulista. Lozada, o sucessor de Alonso, conhece bem a operação de varejo brasileira. Ele a dirigiu no período em que trabalhou em Curitiba, em 2001.
O que não impede a instituição de rever suas estratégias locais. Nos últimos meses, o HSBC se retirou do mercado massivo de empréstimos consignados e deixou de oferecer financiamento de automóveis por meio de dealers intermediários, em especial nas concessionárias. O financiamento de carros está disponível, via agência, para os correntistas. E o consignado está limitado a instituições com as quais o banco mantém relacionamento, como prefeituras ou empresas que concentram sua folha de pagamento no HSBC.
Um movimento semelhante vem ocorrendo globalmente. Nos últimos seis meses, desde a posse de Stuart Gulliver como CEO global do banco, o HSBC retirou-se de vários negócios que não tinham representatividade, com o objetivo de fazer um corte de custos da ordem de US$ 3,5 bilhões. Entre eles estão o mercado de cartões de crédito para baixa renda e as hipotecas nos Estados Unidos e o varejo bancário na Rússia e na Polônia.
No Brasil, há especulações sobre o rumo dos negócios do HSBC. Um deles diz que a financeira Losango, que o banco inglês adquiriu em 2003, também poderia ser vendida. Ao tratar do assunto, Alonso não é tão taxativo. "Não há decisão sobre esse tema", diz. "A Losango faz parte da nossa avaliação. É uma empresa que está funcionando bem e nos deu uma boa alavancada no passado", afirma. Ele se refere ao período que se seguiu à compra da financeira. "Em 2003, os resultados do banco não eram tão bons. A partir do momento que compramos a Losango o desempenho melhorou."
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