O governo federal resolveu condicionar a aplicação de quatro princípios ativos nas pulverizações com uso de aviões e provocou forte reação do agronegócio. As proibições estão em comunicado do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), divulgado em julho, que encontra rejeição em debates puxados por parlamentares e líderes de entidades do setor.
A decisão do Ibama restringe a aplicação aérea dos ingredientes ativos Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil e usa como base estudos internacionais que apontavam a ocorrência de efeitos adversos como, por exemplo, a morte de abelhas expostas aos produtos. Segundo o órgão, o problema no uso dos aviões é a ocorrência da deriva desvio provocado pelo vento.
Houve flexibilização para a safra atual, mas o agronegócio segue alegando que as lavouras serão expostas a riscos sanitários e que haverá prejuízos à cadeia produtiva.
O primeiro ponto questionado pelo agronegócio é a falta de prazo para qualquer adaptação. Ex-ministro da Agricultura e atualmente deputado federal, Reinhold Stephanes (PSD-PR) argumenta que todos os lados deveriam ter sido ouvidos previamente. "Uma vez avaliados os malefícios, deve-se partir para uma discussão técnico-científica para resolver a questão. A retirada dos produtos tem que ser planejada", avalia.
Em Mato Grosso, onde cerca de 20% da área de soja recebe aplicações aéreas, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) estima que as proibições podem gerar prejuízo de R$ 14 bilhões até 2020. "Há casos de produtores que fizeram a compra antecipada desses produtos, antes da proibição, e agora se veem impedidos de fazer a aplicação", afirma Luiz Nery Ribas, diretor técnico da instituição.
Segundo ele, os produtos que poderiam substituir os princípios que sofrerão a restrição ainda são ineficientes ou necessitam de mais aplicações. "Seriam necessários, no mínimo, seis anos para realizar essa mudança", estima.
Mapa e Ibama já anunciaram que a medida será flexibilizada nesta safra para as culturas de algodão e soja. Deve ser autorizado o uso dos produtos após o período de floração das culturas. A medida ainda não saiu no Diário Oficial, mas segundo Luís Rangel, coordenador geral de agrotóxicos e afins do Mapa sustenta que "a revisão e a conclusão da proposta de ato normativo conjunto deve ser publicada nos próximos dias, permitindo a condução da safra com as tecnologias disponíveis".