O consumo das famílias brasileiras no último trimestre do ano passado, quando os efeitos da crise se intensificaram, caiu 2% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Foi a primeira queda trimestral desde o segundo trimestre de 2003. Mas o consumo das famílias se expandiu 2,2 % no quarto trimestre ante igual período de 2007, informou hoje o IBGE, dentro dos números do Produto Interno Bruto (PIB). No total de 2008, houve uma alta de 5,4% no consumo das famílias ante o ano anterior.
A expansão do consumo e dos investimentos vinha liderando o crescimento da atividade econômica inclusive no terceiro trimestre, quando, em meados de setembro, o banco americano Lehman Brothers quebrou e a crise econômica global se agravou. No terceiro trimestre, o consumo das famílias tinha crescido 2 8% ante o segundo trimestre e 7,3% na comparação com igual período de 2007. Os efeitos da crise no Brasil foram sentidos significativamente no último trimestre do ano passado.
O consumo do governo continuou subindo também, com aumento de 0 5% no quarto trimestre em relação aos três meses imediatamente anteriores, e de 5,5% na comparação com igual período do ano anterior. No total de 2008, o consumo do governo se expandiu 5 6% ante 2007.
Investimento em produção
Os investimentos em produção, ou Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que vinham crescendo fortemente, despencaram 9,8% no quarto trimestre de 2008 em relação ao trimestre imediatamente anterior, mostrando o efeito do agravamento da crise econômica.
Com base no mesmo período de 2007, o aumento foi de 3,8%, com grande desaceleração em relação ao terceiro trimestre, quando houve alta de 19,7% na comparação a igual intervalo do ano anterior. No ano, porém, a FBCF acumulou alta de 13,8%.
A taxa de investimento (relação entre FBCF e PIB) ficou em 19% em 2008 ante 17,5% em 2007. A Formação Bruta de Capital Fixo é constituída principalmente por máquinas e equipamentos e pela construção civil.
A taxa de poupança (relação entre poupança e PIB), por sua vez, foi de 16,9% em 2008, com recuo em relação a de 2007, que tinha sido de 17,5%.
Indústria
A crise econômica levou a uma queda de 7,4% da indústria no último trimestre de 2008 em comparação com o terceiro trimestre do ano passado, segundo os dados do PIB divulgados hoje pelo IBGE. No total de 2008, a indústria cresceu 4,3%; a agropecuária 5,8% e o setor de serviços, 4,8%.
Houve uma revisão na variação do PIB do primeiro trimestre de 2008 ante o quarto trimestre de 2007 de 1,7% para 1,6%. O IBGE também revisou o PIB do terceiro trimestre de 2008 ante o segundo trimestre do mesmo ano, de expansão de 1,8% para 1,7%.
A queda de 7,4% no PIB da indústria no quarto trimestre de 2008 ante o terceiro trimestre do mesmo ano representou o maior recuo apurado para o setor desde o quarto trimestre de 1996, destacaram os técnicos do IBGE.
Outro recorde negativo no quarto trimestre, também comparativo ao terceiro trimestre, foi registrado na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), com recuo de 9,8%, a maior queda trimestral (na série com ajuste sazonal, ante trimestre imediatamente anterior) apurada na série do PIB, iniciada em 1996.
Impostos
Os impostos sobre valor agregado, relacionados à atividade econômica, cresceram 2,6% no período de outubro a dezembro de 2008 em relação aos mesmos meses de 2007, de acordo com dados da pesquisa do PIB do IBGE. O instituto não contabiliza os impostos na série com ajuste sazonal, que compara o trimestre com o imediatamente anterior, o que dificulta a observação dos efeitos da crise econômica em relação a isso.
Em 2008, os impostos se expandiram 7,4%. As informações se referem à arrecadação e não necessariamente à alta de alíquotas ou base de contribuição. A elevação das importações contribuiu no sentido de aumentar a arrecadação, devido ao imposto sobre essa atividade.
Os impostos sobre produtos têm tido variação maior que indústria serviços e agropecuária, nas últimas pesquisas do PIB. O valor adicionado pelos três setores no quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2007 cresceu 1%, e, no total de 2008, 4,7%.
Exportações
As exportações de bens e serviços registraram queda de 2,9% no quarto trimestre de 2008, ante o terceiro trimestre do mesmo ano. Na mesma base de comparação, as importações registraram recuo de 8,2%.
Ainda no quarto trimestre, ante igual período do ano anterior, as exportações caíram 7%, enquanto as importações tiveram desempenho positivo (7,6%). No acumulado de 2008, segundo o IBGE as exportações fecharam o ano com queda de 0,6% no PIB, enquanto as importações tiveram aumento de 18,5%, em relação a 2007.
Valores
Em valor corrente total, o PIB brasileiro de 2008 somou R$ 2,9 trilhões. O PIB é o conjunto das riquezas produzidas pelo País. No ano passado, o PIB cresceu 5,1%, apesar da forte queda de 3 6% no último trimestre em relação ao terceiro trimestre.