Os produtos alimentícios registraram em agosto a primeira deflação mensal no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desde julho de 2006, quando caíram 0,61%, informou hoje a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.
De acordo com ela, a maioria dos produtos mostrou redução nos preços dos alimentos na passagem do IPCA de julho para o de agosto, com destaque para o tomate (de 10,59% em julho para -36,91% em agosto), a batata inglesa (de -6,4% para -6,55%) e o feijão mulatinho (de -2,12% para -6,46%). Além disso, mesmo os produtos com alta nos preços desaceleram os reajustes, como a carne, cuja alta passou de 4,35% em julho para 0,56% em agosto.
Perigo continua
Eulina destaca, entretanto, que apesar das deflações em agosto, a maior parte dos produtos alimentícios continua apresentando variações positivas muito elevadas no acumulado do ano até agosto. Com isso, segundo Eulina, "não dá para garantir" que os alimentos não possam vir a ter os preços pressionados novamente
Ela lembra que mesmo com a deflação registrada em agosto, os produtos alimentícios acumulam alta de 9,58% no ano e de 13,54% em 12 meses até o mês passado.
A coordenadora de índices de preços do IBGE afirma que a evolução do indicador em 12 meses, a partir de agora, vai depender do que vai acontecer com os preços dos alimentos. No período entre julho de 2007 e agosto deste ano, a inflação acumulada pelo IPCA mostrou a primeira desaceleração deste ano no mês passado, na comparação com o índice acumulado em 12 meses no mês anterior.
Segundo ela, a evidência é que a queda nos preços das matérias-primas (commodities), e não do consumo, é que determinou a deflação de 0,18% nos alimentos no IPCA de agosto. "Os alimentos foram muito importantes para pressionar a inflação desde o ano passado e este mês tiveram uma contribuição, também importante, para conter a taxa, mas ainda não é possível dizer que a queda nos preços é uma tendência", afirmou. Ela acrescentou que os alimentos "estão em um momento conturbado".
Não alimentícios
Os produtos não alimentícios, com alta de 0,42% em agosto, contribuíram com 0,32 ponto porcentual para o IPCA do mês passado, de 0,28%, enquanto os alimentos, que registraram deflação de 0,18% deram contribuição negativa de -0,04 ponto para o índice mensal.
A coordenadora de índices de preços do IBGE observou que a alta do grupo de não alimentícios reflete uma concentração de reajustes de preços administrados ou controlados em agosto. A liderança de aumento ficou com o telefone fixo (2,27%), com contribuição de 0,08 ponto porcentual para o IPCA de agosto. Houve aumentos importantes também na energia elétrica (1,03%), tarifas de água e esgoto (1,57%), artigos de vestuário (0,39%), cigarro (1,35%), cabeleireiro (1,47%), cursos diversos (1,64%) e acessórios e peças para automóveis (1,65%).
Ainda nos não alimentícios, houve deflação, em agosto, na gasolina (-0,25%), nos ônibus interestaduais (-0,63%) e nos remédios (-0,41%).
Setembro
Eulina lembra ainda que as pressões já conhecidas para o IPCA de setembro são o aumento de 9,5% nos ônibus intermunicipais em Porto Alegre, ocorrida no dia 11 de agosto; o reajuste de 4,98% nos preços dos cigarros, em 18 de agosto; o aumento em torno de 3% nas tarifas de energia elétrica em Brasília e de 18% em Belém (PA).
Segundo ela, a confirmação da tendência de queda na taxa em 12 meses, que ocorreu pela primeira vez este ano em agosto, vai depender do resultado de setembro. Para um novo recuo, a taxa de setembro deste ano tem de ser inferior a 0,18%, que foi o índice apurado em igual mês do ano passado.