A partir da próxima terça-feira (30), os agentes econômicos terão à disposição mais um indicador de preços domésticos para ajudar a traçar os seus cenários: o Índice de Preços ao Produtor (IPP), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se de um indicador mensal das variações de preços praticados pela indústria de transformação que, ao contrário de outros índices semelhantes, será alimentado por informações dos preços efetivamente fechados nas negociações entre a indústria e os clientes, e não pelos chamados "preços de lista". Ou seja, captará movimentos relevantes, como os descontos concedidos aos clientes - alheios a preços de catálogo -, tornando possível, assim, fazer um retrato mais fiel da inflação nesse segmento.

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O índice foi elaborado com o objetivo primeiro de suprir as pesquisas macroeconômicas do IBGE, como as Contas Nacionais, que apontam a variação do Produto Interno Bruto (PIB), e também a Pesquisa Industrial Anual (PIA). Atualmente, essas pesquisas utilizam como deflator o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), da Fundação Getúlio Vargas.

Outra novidade é que será o primeiro índice de preços no Brasil passível de revisão. O gerente do IPP, Alexandre Brandão, informou nesta quarta que o índice terá periodicidade mensal, sendo elaborado sempre com a participação de, no mínimo, 95% das 1.400 empresas envolvidas na coleta - um nível adequado, segundo ele, de confiabilidade. Portanto, as revisões podem ser necessárias para captar informações daqueles que, porventura, não conseguiram entregá-las no prazo estipulado.

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No ano passado, quando falou à Agência Estado sobre a futura criação do índice, Brandão tinha explicado a inclinação do IBGE para que este indicador tivesse a possibilidade de ser revisado periodicamente. "A metodologia internacional indica que índices revisáveis são de melhor qualidade. Isto porque, por conta dos compromissos de divulgação, os institutos calculam os índices sem ter 100% das informações disponíveis", disse o gerente do IBGE, na época. "Logo, no mês seguinte, com a chegada dessa informação (por parte do produtor), revisar o índice implicará um indicador melhor", acrescentou.

Em conversa com jornalistas na manhã desta quarta, em São Paulo, o gerente do IPP informou que, por ter ainda uma série muito curta o índice não terá dessazonalização. O IBGE deve passar a fazer isso no futuro.

A pesquisa para a confecção do indicador envolve coleta de preços de 1.400 empresas de 23 setores da indústria de transformação. Trata-se de um número baixo para o universo industrial, mas, segundo Brandão, representa 70% do faturamento da indústria brasileira. "Estamos acompanhando bem a indústria brasileira ao fazer este filtro", disse. Nesse recorte, são acompanhadas 5 mil cotações de 320 produtos.

Evolução do índice

Brandão explicou que o IPP vai evoluir para além da indústria de transformação, incluindo, "talvez em 2012", a área de extração. "É um setor mais concentrado, com poucas empresas", afirmou Brandão, acrescentando que, nesse caso, será necessária "uma conversa mais tête-à-tête" com cada uma delas.

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Em um horizonte ainda a ser definido, o IPP deve contemplar, também, as áreas de serviços, construção civil e agricultura. A previsão é que o índice esteja "completo" em termos de abrangência só daqui a cinco anos.

Na primeira divulgação do IPP, na terça-feira, às 10 horas, o IBGE informará os dados referentes a janeiro e fevereiro e também do ano de 2010. Em 4 de maio, será divulgado o IPP de março; em 2 de junho, o IPP de abril; e em 5 de julho, o IPP de maio. O instituto estuda a possibilidade de, no futuro, fazer a divulgação do indicador juntamente com a da Pesquisa Industrial Mensal (PIM).