A produção industrial em novembro cresceu 0,6% frente a outubro, descontados os efeitos sazonais, informou o IBGE. Em relação a novembro de 2004, o crescimento também foi de 0,6%. No acumulado de janeiro a novembro de 2005, a produção cresceu 3,1%, abaixo dos 3,4% observados em outubro. Segundo o IBGE, a taxa anualizada - indicador acumulado em 12 meses - acentua a trajetória de desaceleração observada nos últimos meses, passando de 4,1% em outubro para 3,5% em novembro.
A recuperação da indústria em novembro já era esperada, pois é típico o aumento de vendas no fim de ano, mas os analistas do mercado consideram que o crescimento de 0,6% ficou muito abaixo do previsto.
Assim, podem aumentar as apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) promoverá um corte maior na taxa básica de juros em sua próxima reunião, na semana que vem.
Leia, a seguir, os detalhes do comunicado enviado pelo IBGE sobre a produção da indústria em novembro:
"O avanço de 0,6%, observado na passagem de outubro para novembro, reflete o desempenho favorável de 15 dos 23 ramos pesquisados, que têm séries ajustadas sazonalmente, sendo particularmente significativo nas indústrias de alimentos (2,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (5,3%), borracha e plástico (2,9%) e perfumaria, sabões e produtos de limpeza (6,1%).
As principais influências negativas vieram de outros produtos químicos (-1,9%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (-4,1%), refino de petróleo e produção de álcool (-1,5%) e fumo (-9,1%).
Ainda na comparação novembro 2005/ outubro 2005, nos índices por categorias de uso, observa-se que bens de capital alcança a taxa mais elevada (2,2%). Vale destacar que este índice é registrado após a queda de 4,2% no mês anterior.
A produção de bens intermediários (0,2%), segmento de maior peso na estrutura industrial, e a de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (0,5%) cresceram pelo segundo mês consecutivo, acumulando, respectivamente, ganhos de 0,3% e 1,1% que, no entanto, não neutralizam as perdas observadas no mês de setembro (-0,7% e -3,7%, respectivamente). Somente o segmento de bens de consumo duráveis apresenta decréscimo (-1,4%), após registrar o maior avanço (2,7%) em outubro.
O comportamento favorável da atividade industrial na comparação com o mês anterior, não reverte a trajetória de queda observada no índice de média móvel trimestral que, para a indústria geral, recua 0,5% entre os trimestres encerrados em outubro e novembro.
Esse movimento atingiu todas as categorias de uso, com bens de consumo duráveis exibindo a maior redução (-2,8%), vindo a seguir bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-0,9%), bens de capital (-0,3%) e bens intermediários (-0,1%). Esta redução simultânea em todas as categorias de uso neste tipo de comparação permanece desde setembro.
A comparação novembro 2005/ novembro 2004 apresentou acréscimo de 0,6%, com a indústria extrativa avançando 10,5% e a de transformação registrando virtual estabilidade (0,1%), após dois meses com taxas negativas. Das 26 atividades pesquisadas na indústria de transformação, 13 mostraram expansão, sendo que máquinas, aparelhos e materiais elétricos (21,1%), farmacêutica (16,9%) e máquinas para escritórios e equipamentos de informática (46,7%) foram as de maior impacto positivo sobre o resultado global.
Nestas indústrias destacaram-se, respectivamente, o comportamento favorável dos seguintes produtos: transformadores; medicamentos; e computadores.
Entre os ramos que assinalaram queda na produção, os que mais pressionaram a média da indústria foram: material eletrônico e equipamentos de comunicações (-11,5%), máquinas e equipamentos (-7,0%) e outros produtos químicos (-3,0%), nos quais sobressaíram, respectivamente, as quedas na fabricação de telefones celulares; máquinas para colheita; e adubos e fertilizantes.
No corte por categorias de uso, ainda na comparação com novembro de 2004, os destaques ficam por conta de bens de capital, que cresce 4,0%, e de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (1,4%), ambas com ritmo acima da média global (0,6%). A produção de bens de consumo duráveis e a de bens intermediários apontam ligeira variação negativa (ambas com -0,1%).
O setor de bens de capital mantém a seqüência de quatro resultados positivos consecutivos, sustentado principalmente pelo desempenho de bens de capital para construção (32,7%), para energia elétrica (56,4%) e para uso misto (3,9%). Nos demais subsetores, as taxas são negativas: bens de capital agrícolas (-33,5%), para transporte (-1,0%) e máquinas e equipamentos para fins industriais (-7,5%).
No segmento de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, os destaques positivos vêm de outros bens de consumo não duráveis (5,0%) e de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (3,0%). Nestes subsetores sobressaem-se, respectivamente, os itens: revistas e medicamentos; e refrigerantes.
O desempenho de bens intermediários é reflexo, sobretudo, do comportamento desfavorável de alimentos e bebidas elaborados para indústria (-8,2%), peças e acessórios para equipamentos de transporte industrial (-4,4%) e insumos industriais elaborados (-0,7%), que amorteceram os impactos positivos da expansão em combustíveis e lubrificantes básicos (17,0%) e em insumos industriais básicos (6,3%) sobre a taxa global de bens intermediários.
O resultado negativo observado em embalagens (-5,0%) também contribuiu negativamente para a performance desta categoria de uso. Entre os duráveis de consumo, que interrompem a seqüência de vinte e sete meses de crescimento, além da significativa influência da queda na fabricação de telefones celulares (-23,4%), há também, embora em menor escala, o recuo na produção de eletrodomésticos (-4,5%, em especial os da "linha branca", cujo o decréscimo chegou aos 9,7%).
No acumulado janeiro-novembro de 2005, frente a igual período de 2004, o crescimento total da indústria foi de 3,1%, com 17 atividades apontando aumento de produção. A fabricação de veículos automotores (6,9%) mantém a liderança em termos de impacto sobre o índice geral, cabendo ao item automóveis o maior destaque.
Outros impactos positivos relevantes vieram da indústria extrativa (10,3%), por conta da performance favorável da área de extração de minérios de ferro e de petróleo; de material eletrônico e equipamentos de comunicações (14,7%), sobretudo em função da expansão na fabricação de telefones celulares e televisores; e de edição e impressão (11,1%), devido ao aumento na produção de revistas e jornais. Em sentido oposto, entre as dez atividades com queda, a de maior pressão sobre a taxa global continua sendo metalurgia básica (-2,4%).
Ainda no acumulado janeiro-novembro de 2005, todos os índices por categorias de uso mostram taxas positivas e confirmam o padrão de expansão observado ao longo do ano passado, com maior dinamismo para os setores produtores de bens de consumo duráveis (11,2%) e de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (4,6%), impulsionados principalmente pela expansão do crédito e pelo aumento da massa salarial.
Vale destacar o desempenho de vários setores tipicamente exportadores, que também sustentaram comportamento positivo no período. A produção de bens de capital (3,2%) cresce, ligeiramente acima da média da indústria, sustentada, em grande parte, pelos subsetores de bens de capital para transporte (7,1%), para uso misto (2,9%), para energia elétrica (26,1%) e para construção (30,5%).
O setor de bens intermediários, embora aponte crescimento de 1,0%, mantém trajetória descendente nos últimos meses, sendo impactado positivamente sobretudo pelos setores extrativos (minério de ferro e petróleo).
Em síntese, os índices para novembro de 2005 mostram aumento discreto no ritmo produtivo da indústria, que há dois meses assinala taxas positivas. Como estes resultados não recuperam a queda observada na passagem de agosto para setembro (-2,2%), esta suave aceleração na produção, nos meses de outubro e novembro, não reverte a trajetória declinante verificada no índice de média móvel trimestral, movimento que atinge todas as categorias de uso.
Nas demais comparações, apesar dos resultados positivos, também se observa esse movimento de desaceleração do ritmo industrial".
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