Rio (Folhapress) O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nota em que nega que tenha havido qualquer tipo de erro no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado na última quarta-feira. Segundo reportagem publicada ontem na Folha de São Paulo, o Banco Central contesta a queda de 1,2% do PIB no terceiro trimestre. Em encontro com economistas, diretores do banco defenderam a política monetária e desqualificaram a metodologia usada no cálculo da soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
Sobre a reportagem, o presidente do instituto, Eduardo Pereira Nunes, afirmou: "O IBGE não comenta versões. O PIB é esse e é coerente com a metodologia que a instituição vem utilizando há anos para calculá-lo". De acordo com ele, os números divulgados refletem "os fatos econômicos que vêm se registrando no país nos últimos meses".
O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse que não considera que existam erros na metodologia de trabalho do IBGE no cálculo do PIB. Ele observou, no entanto, que o instituto trabalha com itens que tem caráter sazonal, principalmente produtos do setor agrícola. Ele citou, como exemplo, o caso do café, cujo ciclo de produção é sempre marcado por uma safra forte, sucedida no ano seguinte por uma safra fraca. "Este foi um ano de safra fraca, que teve um impacto no resultado do PIB do terceiro trimestre", disse Palocci. "Não é um erro, mas o IBGE trabalha com uma metodologia que comporta efeitos técnicos, que interferem no resultado final."
Análise
Segundo Rubens Cysne, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a polêmica sobre o resultado do PIB do terceiro trimestre não é importante do ponto de vista econômico, e sim político. "O que interessa é o crescimento da economia ao final de um, dois ou cinco anos", disse. "A discussão está mal focada, o que importa é que os outros países emergentes estão crescendo ao longo dos últimos anos com taxas maiores." Segundo Cysne, o acompanhamento de curto prazo das contas nacionais dá margem "a ruídos" e poucos conhecem com profundidade a metodologia de cálculo do PIB.
Na avaliação de Cecília Hoff, economista do grupo de Conjuntura da UFRJ, a crítica sobre a metodologia do PIB é pertinente, mas já deveria ter sido feita há mais tempo. "O PIB agrícola é um problema sempre, é uma surpresa, não se sabe exatamente os deflatores. Quando cai bastante, da forma que caiu nesse terceiro trimestre, volta para os holofotes", disse.
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