Análise
Produtividade puxou crescimento do varejo até 2011
A alta da atividade comercial entre 2007 e 2011 foi ampliada pelo aumento da produtividade no comércio varejista, grupo mais abrangente do setor de acordo com a pesquisa do IBGE. Ao longo dos quatro anos, a atividade teve crescimento de 3,9% na média anual. No mesmo período, o crescimento real anual médio de valor adicionado ficou em 10,7%. O índice ficou acima do aumento médio do número de pessoas ocupadas, de 6,5%.
As maiores altas de produtividade ficaram com os segmentos de equipamentos de informática e produtos farmacêuticos, com taxas de 19,1% e 16,6%, respectivamente.
Abaixo da média do comércio em geral, as atividades atacadistas subiram 2,7% ao ano. Neste grupo, o segmento de produtos agropecuários registrou a maior alta de no período, de 9,1%, enquanto os salários da atividade subiram 5,2% ao ano. Por outro lado, máquinas e equipamentos tiveram salários avançando mais que a produtividade. Os rendimentos cresceram 2,2% ao ano, enquanto a produtividade do trabalho, apenas 0,3%.
No comércio de veículos, a venda de peças e motocicletas apresentou redução de 1,3% por ano na sua produtividade, enquanto os salários subiram 4,5% no período.
A receita operacional líquida do comércio brasileiro cresceu 17% na comparação entre 2010 e 2011, e chegou aos R$ 2,137 trilhões, de acordo com a Pesquisa Anual de Comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O ritmo forte verificado desde 2009, no entanto, não deve se repetir em 2013. De acordo com a última estimativa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a atividade neste ano deve crescer apenas 4,3%.
Enquanto o aumento do salário mínimo e a expansão da classe C garantiram o crescimento de dois dígitos do comércio até 2011, a inflação acima da meta deve segurar a evolução do setor nos anos seguintes e 2013 é o ano mais complicado.
De acordo com o economista Bruno Fernandes, da CNC, é possível que o comércio tenha leve recuperação no segundo semestre com a desaceleração do aumento dos preços dos alimentos, que vinham em franca evolução. "A gente espera que possa haver uma melhora a partir do segundo semestre, mas já é fato que teremos um ritmo de consumo muito mais fraco do que o do ano passado", afirma Fernandes.
Protestos
A estimativa do setor supermercadista é ainda menos otimista. De acordo com a Associação dos Supermercados do Brasil (Abras), o crescimento em 2013 deve ficar em 3,5% em relação ao ano passado. Ainda que em maio os supermercados tenham faturado 4,3% a mais do que no mesmo mês do ano anterior, as perdas do comércio em função aos recentes protestos e o impacto da alta do dólar nos preços dos importados devem esfriar ainda mais as expectativas dos empresários do setor. "Algumas redes podem ter sofrido com o fechamento antecipado de lojas em alguns dias úteis de junho por causa das manifestações", afirma o gerente do departamento de economia da Abras, Flávio Tayra.
A opinião é a mesma do presidente o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Flávio Rocha. A estimativa de crescimento de 6% em junho em relação ao mesmo mês de 2012 foi calculada antes da onda de protestos, mas agora a expectativa é de que o aumento seja ainda menor. "Houve diminuição de 10% no número de horas trabalhadas na rede na última semana, mas a queda nas vendas foi maior porque foi afetada também pela diminuição da confiança do consumidor."
Evolução
O desempenho previsto para o ano contrasta com a corrente de alta registrada pelo IBGE até 2011. Além do crescimento em dois dígitos do faturamento, o número de estabelecimentos e de funcionários contratados pelo comércio também apresentaram alta naquele ano.
Entre os setores, o comércio varejista avançou acima dos patamares do comércio de veículos e comércio atacadista. Naquele ano, o número de estabelecimentos varejistas cresceu 5,5% e o e o número de empregados aumentou 8%.
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