Os grupos de Transportes e de Alimentos e Bebidas contribuíram juntos com 0,47 ponto porcentual da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em março, substituindo a forte pressão do grupo Educação, verificada em fevereiro. Essa é a explicação para o fato de o IPCA ter registrado inflação de 0,79% no mês passado, bem perto da taxa de 0,80% de fevereiro, segundo informou nesta segunda-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Embora os resultados tenham sido praticamente iguais, os resultados dos diversos grupos e serviços pesquisados foram muito diferentes. Os alimentos voltaram a subir e, em termos de contribuição, esse setor teve um incremento na contribuição de 0,13 ponto porcentual. No caso dos transportes, esse aumento foi de 0,20 ponto porcentual", destacou Eulina Nunes, técnica do IBGE responsável pela pesquisa do IPCA. "Esses são os grupos que representam a maior parte dos orçamentos das famílias e foram esses dois segmentos que fizeram a inflação ficar praticamente igual em março."
Eulina destacou que, apesar de a influência sazonal do grupo Educação, com o tradicional reajuste de mensalidades escolares em fevereiro, ter ficado para trás, alimentos e transportes voltaram a pressionar o IPCA. Depois da alta de 5,81% em fevereiro, os preços do grupo Educação subiram 1,04% em março. Já Alimentos e Bebidas tiveram, no mesmo mês, alta de 0,75%, enquanto o grupo Transportes apresentou alta de 1,56%.
"Apesar de diminuído o impacto de educação, alimentos e transporte vieram com mais força e esse impacto praticamente foi trocado por esses dois setores juntos, que somam 0,47 ponto porcentual do índice em março", afirmou Eulina.Passagens aéreasO aumento dos preços das passagens aéreas garantiu uma contribuição de 0,10 ponto porcentual para o IPCA em março. O transporte aéreo, com variação de 29,13% no mês passado, foi o principal fator para a alta de 1,56% do grupo Transportes.
Eulina Nunes destacou que o fato de o carnaval ter sido em março este ano influenciou o aumento do preço das passagens aéreas no mês passado, mas não necessariamente com alta de tarifas. O resultado tem influência da retirada de descontos, com a oferta de tíquetes mais caros diante da maior demanda no feriado. Além disso, as taxas de embarque subiram, em média, 6% em março.Acumulado em 12 meses
A alta de 6,30% do IPCA nos últimos 12 meses é a maior desde novembro de 2008, quando foi de 6,39%. O índice de março, de 0 79%, foi o maior para este mês desde 2003, quando o indicador ficou em 1,23%. Segundo Eulina Nunes, a inflação foi mais forte neste primeiro trimestre de 2011 por causa de aumentos mais significativos em preços administrados, como tarifas de ônibus e de energia elétrica, que têm peso grande no índice e continuarão influenciando a inflação em abril.
Neste mês, além do efeito residual de reajustes concedidos em março, há aumentos previstos em segmentos de transporte urbano, energia, serviços de água e esgoto e remédios. "De fato, a inflação está em um nível realmente alto e ter uma taxa crescendo em 12 meses mostra um patamar diferente", comentou Eulina, ressaltando que ainda é cedo para que o indicador dê pistas de como deve ficar a inflação no ano, já que segmentos de peso, como combustíveis, passam por indefinição em relação à possibilidade de aumentos.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião