São Paulo Empurrada pela entrada maciça de capital externo, a Bolsa de Valores de São Paulo não encontrou dificuldades para quebrar seu quarto recorde seguido ontem. Após operar em alta durante todo o pregão, a Bovespa acelerou seu ritmo no fim do dia e superou pela primeira vez em sua história os 60 mil pontos, ao registrar valorização de 2,24%. No fim do pregão, a Bovespa marcou 61.052 pontos.
A acelerada entrada de dinheiro estrangeiro na bolsa pode ser verificada no balanço das operações das últimas semanas. Até o último dia 24, o balanço mensal dos negócios realizados pelos estrangeiros na Bovespa estava positivo em R$ 2,86 bilhões o melhor saldo desde fevereiro de 2005.
"Os estrangeiros estão entrando muito forte no mercado. Houve uma aceleração nesse movimento após a decisão do Fed de reduzir os juros americanos, afirma André Jakurski, gestor de renda variável da Mellon Global Investments Brasil.
A Bovespa passou a se recuperar mais rapidamente depois de o Fed (o banco central dos EUA) reduzir os juros básicos do país, na semana passada, de forma mais pesada que o aguardado pela maioria do mercado. A redução da taxa de 5,25% para 4,75% anuais diminuiu a rentabilidade dos juros pagos por títulos do Tesouro dos EUA e motivou grandes investidores a migrarem para aplicações de maior risco, como forma de tentar lucrar mais.
Em Nova Iorque, o dia também foi de altas, mas moderadas. O índice Dow Jones subiu 0,25%, a 13.912 pontos perto de seu recorde histórico de 14 mil pontos. A bolsa eletrônica Nasdaq se valorizou 0,39%. Destaque também para a Bolsa de Tóquio, que subiu ontem 2,41%.
"Os investidores têm demonstrado que voltaram a ficar com mais apetite para o risco, afirmou Marc Helder Olichon, diretor de operações da ABN Amro Real Corretora.
A valorização muito rápida da Bovespa pode acarretar movimentos de realização de lucros, que ocorrem quando os investidores vendem ações para embolsar ganhos acumulados. Movimentos desse tipo podem derrubar a bolsa de valores, mesmo que as expectativas sigam positivas. Ou seja, não é porque a bolsa tem subido nos últimos dias que não pode cair nos próximos pregões.
O índice Ibovespa que reúne as 63 ações mais negociadas subiu 7,29% nos últimos cinco pregões. No mês, a alta é de 11,74%, e no ano, 37,28%. "Entendo que os 62 mil pontos são um nível importante, que pode motivar pequena realização de lucros. Depois disso, a bolsa deve caminhar para 65 mil pontos, diz Olichon.
A pontuação das bolsas varia de acordo com as oscilações dos preços das ações. Em momentos de valorização dos papéis, a pontuação se eleva. Assim, um nível recorde de pontos mostra que as companhias nunca estiveram tão valorizadas. As empresas brasileiras negociadas na Bovespa representam aproximadamente R$ 2,3 trilhões.