O principal índice acionário da Bovespa caiu ao menor patamar em mais de duas semanas nesta sexta-feira (28), mas conseguiu registrar sua terceira alta mensal consecutiva em setembro, apoiado na atuação de bancos centrais para estimular a recuperação global. O Ibovespa teve queda de 1,77 por cento na sessão, a 59.176 pontos, num pregão com giro financeiro de R$ 8,3 bilhões. Em cinco dias, o índice caiu 3,5 por cento, na segunda queda semanal consecutiva.
Pesou sobre o índice o clima de cautela que tomou conta dos mercados externos nas últimas semanas, além da intervenção do governo brasileiro no setor de energia elétrica e nos bancos.
Ainda assim, o forte rali resultante de medidas de estímulo nos Estados Unidos, na China e na zona do euro fez com que o Ibovespa conseguisse acumular alta de 3,7 por cento em setembro e de 8,9 por cento no terceiro trimestre. "Estamos otimistas na direção do fim do ano. Podemos esperar uma alta moderada da bolsa brasileira", disse o estrategista de Brasil do BTG Pactual, Carlos Sequeira, que projeta que o Ibovespa chegará aos 64 mil pontos no fim de 2012 e a 71 mil pontos em 12 meses.
Embora o cenário de maior liquidez global seja, em geral, favorável a ações de empresas ligadas a commodities, o estrategista prefere papéis de companhias mais expostas à economia doméstica, como Pão de Açúcar, Brasil Foods, Fibria, Klabin e CCR.
Segundo ele, a recuperação da economia local é mais certa do que a melhora da economia internacional, que ainda vive uma situação delicada.
Avaliação semelhante é feita pelo sócio responsável por renda variável na gestora Mauá Sekular, Guilherme de Morais Vicente.
"Tudo indica que o cenário de um quarto trimestre forte está se consolidando", disse Vicente, que vê um ambiente favorável à recuperação de margens na indústria, beneficiada por diversas medidas anunciadas pelo governo brasileiro, como incentivos fiscais e desoneração da folha de pagamento.
Se a atuação do governo, por um lado, é vista como positiva para estimular a dinâmica da economia brasileira, por outro acende um sinal de alerta entre investidores, especialmente estrangeiros.
"A Bovespa até deveria ter tido desempenho melhor em setembro, mas nos últimos dias o setor de bancos pesou no índice, com a pressão do governo para diminuir spreads e juros, que pesará nos resultados", disse o operador Rafael Vendramine, do BES Investimentos.
"Independentemente de quanto essa intervenção do governo vai de fato afetar os resultados dos bancos, o investidor exige um desconto maior por conta da incerteza quanto ao que ainda está por vir", disse um profissional que ajuda a gerir cerca de 3 bilhões de reais em uma gestora de recursos no Brasil, que pediu para não ser identificado.
Nesta sexta-feira, as ações do Banco do Brasil, que chegaram a liderar as perdas do índice, reduziram as perdas no final do pregão e fecharam em queda de 3,88 por cento, com a expectativa de que o banco anunciaria redução de tarifas.
Dentre as blue chips, a preferencial da Vale caiu 1,62 por cento, a 35,27 reais, e a da Petrobras perdeu 1,5 por cento, a 22,37 reais. OGX recuou 4,21 por cento, a 6,15 reais.
Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,36 por cento e o S&P 500 teve baixa de 0,45 por cento. Ainda assim, os índices registraram o melhor trimestre desde 2010.
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