Dados sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos influenciam positivamente os pregões brasileiros nesta sexta-feira. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) dá continuidade à trajetória ascendente da última jornada, acompanhando os ganhos dos principais índices acionários norte-americanos, enquanto o dólar comercial desvaloriza-se em relação ao real, seguindo a tendência de baixa da moeda frente a outras divisas internacionais.
Às 12h45, o Ibovespa avançava 0,74%, aos 43.787 pontos, mas chegou a subir aos 44.060 pontos, na máxima. O volume financeiro era de R$ 866,7 milhões. O dólar cedia 0,42%, negociado a R$ 2,0970 na compra e R$ 2,0990 na venda.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou hoje que a economia norte-americana acrescentou 97 mil postos de trabalho em fevereiro - resultado próximo da expectativa de muitos economistas, de um acréscimo de 100 mil. A taxa de desemprego cedeu para 4,5%, enquanto os analistas aguardavam estabilidade em relação aos 4,6% de janeiro. O salário médio por hora aumentou em US$ 0,06, ou 0,4%, para US$ 17,16, acima da previsão de alta de 0,3%.
Na avaliação do economista-chefe da Fiducia Asset Management, Marcelo Castello Branco, os indicadores foram bons, uma vez que sinalizam um desaquecimento gradual da economia norte-americana. "E ajudam a afastar o risco de recessão naquele país por mais um tempo", reforçou.
O diretor da Trust Investimentos, Edson Hydalgo Júnior, pondera que, embora mostrem uma economia ainda aquecida, os dados revelam um impacto na inflação. "E isso pode se refletir na taxa de juros, com o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) mantendo o custo do dinheiro naquele país em um patamar elevado por um período mais longo", explicou, justificando a piora em Wall Street, logo após a abertura, sentido também pela Bovespa.
Há pouco, o Dow Jones subia apenas 0,22%, aos 12.288,02 pontos, após ter marcado 12.330,88 pontos na máxima logo após o início do pregão.
Para Hydalgo Júnior, com base no comportamento gráfico, o Ibovespa precisa superar os 44.300 pontos para assumir uma tendência de alta. "Caso contrário, a tendência é que continue volátil, podendo buscar o patamar dos 41 mil de novo e até romper esse piso", observou.
O gerente de câmbio da Global Hedging, Rafael Savoia Simão, também citou o resultado da balança comercial norte-americana como mais um elemento favorável ao humor nos negócios. As contas do comércio exterior dos EUA acabou deficitária em US$ 59,1 bilhões em janeiro. O saldo negativo ficou abaixo daquele registrado no último mês de 2006, de US$ 61,5 bilhões (número revisto), e inferior às expectativas de muitos analistas, de US$ 60 bilhões.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) marcou em fevereiro inflação de 0,44%, mesmo patamar visto em janeiro. O resultado do mês passado ficou em linha com as projeções no mercado financeiro. Vale lembrar que o IPCA é usado pelo Banco Central (BC) para balizar suas ações de política monetária.