A Bovespa reduziu as perdas na hora final do pregão, mas não escapou de outra queda nesta segunda-feira (23), com investidores temerosos com a perspectiva de que a Espanha precise pedir um resgate soberano integral e de que a Grécia venha a deixar a zona do euro.
O Ibovespa recuou 2,14%, a 53.033 pontos, marcando o segundo pregão seguido de baixa. Na mínima intradia, o índice chegou a cair 3,66%, a 52.212 pontos. O giro financeiro do pregão foi de R$ 5,4 bilhões.
A preocupação com o futuro dos países europeus voltou a afugentar investidores das bolsas e motivar a busca por ativos mais seguros, como os títulos do Tesouro norte-americano.
"Vimos uma fuga de risco muito grande hoje", disse um operador de uma corretora paulista que pediu para não ser identificado. "Depois de uma realização no mercado na sexta-feira, hoje predominou aquele sentimento de que a situação da Espanha pode ser pior do que se imaginava."
A notícia de que a região espanhola da Múrcia estaria pronta para seguir os passos de Valência e pedir socorro financeiro do governo central assustou o mercado. Segundo a imprensa local, mais 6 regiões estariam prestes a fazer o mesmo.
A preocupação com a capacidade da Espanha honrar suas dívidas voltou à tona, após os rendimentos dos títulos da dívida espanhola de 10 anos chegarem a 7,596%, nível mais alto desde a criação do euro, em 1999.
O futuro da Grécia na zona do euro também voltou a preocupar, após reportagem veiculada na revista alemã Der Spiegel, no fim de semana, ter afirmado que o Fundo Monetário Internacional (FMI) poderia deixar de apoiar o país. A notícia foi refutada pelo fundo nesta segunda.
O temor de que uma saída da Grécia da zona do euro resulte na ruptura desordenada do bloco fez os mercados acionários amargarem fortes perdas no segundo trimestre. No Brasil, o Ibovespa acumulou queda de 23% desde meados de março, quando atingiu o maior patamar do ano.
A economia doméstica também preocupa. "O investidor está mais cauteloso com o Brasil", disse o economista Gustavo Mendonça, da Oren Investimentos. "O país desacelerou muito forte e as perspectivas de longo prazo pioraram muito."
Dentre as blue chips, a preferencial da Vale caiu 2,64%, a R$ 36,88, e a da Petrobras teve queda de 1,15%, a R$ 18,96. OGX perdeu 3,67%, a R$ 5,25.
Bradesco caiu 4,78%, a R$ 29,07, após o resultado do segundo maior banco privado brasileiro ter desapontado o mercado. A instituição reduziu a previsão de crescimento do crédito em 2012.
Quinze dos 67 ativos do Ibovespa fecharam em alta, liderados por LLX, empresa do grupo de Eike Batista, que saltou 12,12%, a R$ 2,59. Fora do índice, a CCX, também de Eike, subiu 11,24%, a R$ 4,75.
Após o fechamento do pregão, a agência de classificação Moody's anunciou que reduziu a perspectiva do rating da Alemanha, estável para negativa, citando crescentes incertezas sobre a crise de dívida na zona do euro.
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