
Centro da Fiep apoia empresas inovadoras
No Paraná, uma iniciativa na área da Economia Criativa veio da Federação das Indústrias (Fiep), que mantém há dois anos o Centro Internacional de Inovação (C2i), destinado a apoiar iniciativas do gênero. "A ideia é dar suporte à indústria inovadora ou que queira inovar, visando a sustentabilidade da indústria paranaense", diz Hélio Bampi, vice-presidente da Fiep. A estrutura inclui um centro de design e um núcleo de capital inovador, com o objetivo de financiar empreendedores com boas ideias. A mais nova cartada do C2i é a formalização de uma incubadora de empresas, que deve começar a funcionar efetivamente em dezembro, diz Bampi. Há um edital aberto para seleção das empresas, que devem se apresentar até o dia 17. O edital pode ser acessado em www.c2i.org.br/incubadora. (FI)
Uma alternativa à indústria convencional
Em países do Hemisfério Norte, como o Reino Unido e a França, o conceito de Economia Criativa é visto como uma forma de dar força ao crescimento econômico local. "Esses países perceberam o esgotamento da indústria tradicional, cuja competitividade tornou-se muito baixa em relação a outros países, principalmente na Ásia", diz Adolfo Melito, do Instituto da Economia Criativa. Outros segmentos, entretanto, estavam crescendo como nunca: produção musical e cinematográfica, desenvolvimento de software e games, e publicidade. O governo do Reino Unido foi o primeiro a abraçar o conceito, inclusive com a criação de um ministério para incentivá-lo o Departamento de Cultura, Mídia e Esportes.
Steve Jobs personificou as características do setor
É difícil falar sobre Economia Criativa sem tocar no nome de Steve Jobs, cofundador e ex-presidente da Apple, que morreu na quarta-feira. Ele não só ajudou a empresa a se tornar um sinônimo de inovação; também fez dela uma das mais valiosas do mundo. "Ele foi o precursor de tudo isso", comenta Hélio Bampi, da Fiep. Segundo Adolfo Melito, do Instituto da Economia Criativa, Jobs personificava as quatro características do pensamento que molda o setor: talento humano, simplicidade ("ele sempre exigiu que cada versão de um produto fosse mais fácil de usar que a anterior", observa), rapidez no desenvolvimento e disciplina. "Nas lojas da Apple", lembra Bampi, "você não pode falar com o cliente sem antes passar por um treinamento exaustivo". (FI)
Adriana Flores, diretora de Desenvolvimento de Produtos da Positivo Informática, comanda uma equipe de 300 profissionais que trabalham com o design de PCs, tablets, websites e software. Os grupos incluem engenheiros de várias vertentes (mecânicos e de computação, principalmente), desenhistas gráficos, projetistas industriais, publicitários, economistas, psicólogos e administradores, entre outras formações. O objetivo desses times é criar produtos capazes de se diferenciar dos concorrentes em um setor em que a competição é crescente, as margens são minguantes e os produtos, cada vez mais parecidos. "Na nossa indústria, o design é tão importante quanto a manufatura, os custos e o relacionamento com o varejo", diz.
Essas características fazem de Adriana e companhia uma amostra representativa da Economia Criativa um campo de estudo relativamente novo, que abrange atividades capazes de transformar boas ideias em dinheiro. Inclui atividades artísticas em geral, arquitetura, turismo, mídias e desenvolvimento de games, entre outras áreas. A importância desses negócios tem crescido ano a ano em escala global. No Brasil, um levantamento feito em 2008 pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro estimou o "PIB criativo" do Brasil em R$ 381,3 bilhões, o equivalente a 16,4% de toda a riqueza gerada no país naquele ano. E a tendência é de crescimento.
Dois fatores inspiram a expansão da economia criativa no país. O primeiro é a redução da miséria. Nos últimos dez anos, algo como 30 milhões de brasileiros deixaram a pobreza extrema e se tornaram consumidores. "Muita gente que não tinha acesso aos produtos dessa área passaram a ouvir música, ir ao cinema e ao teatro, por exemplo", observa o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Armando Dalla Costa, doutor em História Econômica e estudioso do assunto. "Em consequência, a quantidade e a qualidade da produção nacional nessas áreas aumentou." A confirmar o argumento estão dados como os da bilheteria de filmes nacionais nos últimos anos. Em 2010 e 2011, seis produções brasileiras ultrapassaram os 2 milhões de ingressos vendidos no país. Em toda a década de 90, apenas três filmes atingiram esse patamar todos eles infantis, dois estrelados por Xuxa e um com Renato Aragão à frente.
O outro fator é a melhoria da educação. As atividades criativas exigem um profissional com alta escolaridade e boa bagagem cultural. "Hoje o volume de conhecimento cresce de forma exponencial", diz Adolfo Melito, presidente do Instituto da Economia Criativa, organização com sede em São Paulo, criada para desenvolver estudos e técnicas para implantar soluções de criatividade e informações nos negócios. "Sem uma boa base educacional não é possível acompanhar as exigências desse mercado."
O Brasil não está se saindo mal nesse segmento. Segundo dados da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), o país exportou em 2008 aproximadamente US$ 6,3 bilhões em "serviços criativos", uma categoria que contempla desde a publicidade até projetos arquitetônicos. O volume equivale ao que foi exportado pela Itália.
Para crescer mais nesse segmento, o Brasil depende de melhorias socioeconômicas e educacionais, além de apoio institucional. Em janeiro, o governo federal criou uma estrutura para tratar do assunto, a Secretaria de Economia Criativa, vinculada ao Ministério da Cultura. O cargo é ocupado por Cláudia Leitão, ex-secretária de Cultura do estado do Ceará.
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